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sábado, 3 de outubro de 2009
OLIMPIADAS, ILUSÃO OU VERDADE?
OLIMPIADA, ILUSÃO DE ÓTICA?
Copa do mundo em 2014, olimpíadas em 2016. Parabéns Brasil. Parabéns ao Rio de Janeiro, terra de minha infância que guardo com extremo carinho.
Não podemos discutir que esses dois eventos trarão muito investimento para as cidades sede, atividades que vão gerar emprego, renda, fomentação da economia como um todo e quem sabe uma melhor distribuição da riqueza nacional.
A escolha para a copa do mundo e as olimpíadas esfrega bastante “kaol” em nosso brilho pessoal, o ego, nos enche de orgulho e de prazer. Também são premissas que não posso negar.
Fazia tempo que eu nutria um desejo escondido de que um dia o Brasil pudesse receber eventos dessa natureza. Expõe o país anfitrião na mídia do mundo inteiro. Cada canto do planeta onde tenha um rádio ou tv nossas imagens e sons chegarão vivas e coloridas para as pessoas conhecerem um pouco sobre nós.
O Brasil é ilustre desconhecido mundialmente falando.
Se perguntar no Tibet se alguém conhece o Brasil logo responderão: Sim. Pelé, Zico, Senna etc. A mesma coisa repete-se na Somália, Egito, Estados Unidos.
Somos conhecidos por nossos jogadores de futebol, floresta onde tem macaco de montão,
samba e mulher pelada. Alguns acham que moramos em árvores.
Conhecer um país não se satisfaz apenas identificando um personagem.
Conhecer um país é mais que isso. Diz respeito à nossa origem, nossa história, nossa etnia, os desejos, o meio de vida, as cidades, as paisagens.
Isso ninguém sabe lá fora. Somos selvagens que gostamos de bananas e que uma vez por ano tem carnaval para gringo ver deixando de ser uma festa popular há muito.
Quase nenhum estrangeiro sabe onde fica o Brasil olhando no mapa mundi.
Para os americanos nossa capital é Buenos Aires e vai por ai afora.
Recebemos anualmente menos turistas do que a longínqua Polônia.
A copa do mundo e as olimpíadas vão servir para mostrar alguma coisa sobre nós para o mundo conhecer. Espero que consigamos colocar nessa vitrine mais que uma bunda bonita ou um ícone futebolístico.
Temos que mostrar nossa raiz, nossa essência o que de fato somos.
O outro lado dessa equação diz respeito à montanha de dinheiro que vamos torrar nesses dois eventos para que consigamos receber os povos do mundo inteiro com segurança, presteza, eficiência e com preços justos.
A começar pela preocupação quanto de fato vamos gastar no custo das obras e na contabilidade paralela natural nesses casos e, infelizmente, uma verdade nacional.
Temo que a caixa dois de pandora se abrirá de uma tal forma num frenesi de colocar a mão nessa grana porque boa parte será composta por verbas do Estado.
A relação incestuosa entre obras e dinheiro público é secular no Brasil. Leia-se claramente que do total que será gasto nas olimpíadas, cerca de 27 bilhões de reais, não estão incluídas as verbas com corrupção, negociatas misteriosas, contratos de gavetas, mimos diversos na orla pública e nas empreiteiras.
Sabidamente o total orçado vai atingir mais que o dobro para atender tanta jogatina com o dinheiro público e o costumeiro super faturamento até dos parafusos. Finalmente e não mais importante, o que fazer depois de terminados os jogos da copa do mundo e a olimpíada com os estádios, praças esportivas, quadras, piscinas, pistas e etc?
Sabidamente o povo brasileiro é uma negação em termos de preservar o bem público. Alguns o usam como lixeira, como quintal ou como depósito e nunca se preocupam em preserva-lo. Outros o tomam para si como se proprietários fossem.
Se o governo e a sociedade dos lugares sede da copa do mundo e no Rio de Janeiro a olimpíada não constituírem um plano de ação pós-jogos para utilização seqüenciada das instalações e equipamentos, as quantias gastas para montar tudo serão perdidas com a depredação, péssimo uso e o abandono. Tal como já acontece com tudo o que foi destinado aos jogos do pan.
É absolutamente premente que o governo e a sociedade criem para ontem uma educação e uma conscientização para a geração que ai está completando quatro a seis anos de idade e que, em 2016, terão entrado na fase da adolescência, para criar essa demanda de uso. Além disso, é necessário estabelecer força tarefa em conjunto para as futuras manutenções dos parques e equipamentos destinados a todos firmando, assim, uma nova era na força esportiva do país.
Atualmente essa força só conquista medalhas na base do improviso, treinamento inadequado, falta de patrocínios, tênis furados ou esfarrapados, uniformes puídos, quadras esburacadas, pistas de terra, má alimentação e descaso das autoridades transformando os atletas em verdadeiros heróis do amadorismo.
Se o Brasil quiser um dia figurar entre as potencias esportivas do globo tem que começar agora e se profissionalizar imediatamente como fez a China, outrora lanterninha em olimpíadas e hoje campeã do numero de medalhas na totalidade destronando os EUA e sua hegemonia esportiva.
Não basta ser o melhor no antes para conquistar a sede da copa e das olimpíadas. Isso já foi. Temos que ser ótimos no durante e magníficos no depois. Quero só ver.
Nessas três fases gostaria de ver o Brasil campeão mundial, recordista e medalha de ouro.
Medalhas de chumbo nós já as temos de montão.
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