JORNAL PENA LIVRE
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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
PLANO DE MORTE OFICIAL
O Réveillon de 2009 foi trágico. Dezenas de pessoas mortas em deslizamentos por toda a orla marítima desde o Rio de Janeiro, famílias dizimadas, destruídas e corroídas pela dor intensa pela perda de entes queridos.
Havemos de falar em acaso. Chuvas intensas e concentradas numa mesma região.
Obra de Deus etc e tal. Ou até São Pedro ligando torneiras no céu.
Desculpem-me, mas vou discordar duzentos por cento.
Nada é ao acaso. Quando um avião cai normalmente uma cadeia de erros entram em ressonância para derrubar o avião no chão. Quando um carro bate em outro alguém cometeu um erro clássico de furar o sinal, invadir a pista alheia e vai por ai afora.
Com desastres da natureza que ocorreram na orla de Angra dos Reis, principalmente, a idéia da culpabilidade ou personificação da culpa faz sentido.
Senão vejamos.
O raio X das mortes revela que todas elas foram por conta de deslizamentos de encostas cobrindo as vítimas com milhares de toneladas de rochas e terra enlameada.
As prefeituras, neste caso de Angra dos Reis, em geral não tem qualquer plano diretor de expansão territorial e qualquer um constrói onde lhe dá na telha e ponto final.
Vai dentro deste embrulho construções em locais flagrantemente perigosos, perto de rios, encostas íngremes desmatadas e sem cobertura de flora, em mananciais importantes, na zona da flora e fauna litorânea ou avanços dentro do mar, construções em palafitas e vai por ai afora.
Tudo irregular ao arrepio da lei e das condições mínimas de segurança. As prefeituras não fazem o mapeamento das áreas em risco com relatórios de engenharia, topografia e geologia para salvar alguns trocadinhos.
Talvez seja alguma negociata envolvendo proprietários de funerárias, pois é um dos setores da economia da cidade que mais se movimenta nessas tragédias.
Tivesse alguém da prefeitura de Angra impedido as construções naqueles lugares de alto risco não haveria ninguém chorando a morte de entes queridos.
De outro lado os proprietários também carregam boa parte da culpa sim e não estão isentos de forma nenhuma.
Todo mundo quer uma casinha a beira da praia ou o mais próximo disso, ou numa bela montanha com vista maravilhosa, perto do riacho, cascata, cachoeira. Normalmente os endinheirados que se propõe a construir alguma edificação o fazem sem dar satisfação a ninguém e compra seu direito de construir na base da propina tão em voga no Brasil.
Áreas são invadidas da noite para o dia e o império imobiliário segue em ritmo acelerado passando em cima de tudo o que é direito e legal.
Fechando o ciclo de crimes cometidos por proprietários e prefeituras quem ri mesmo são o coveiro, o IML, o dono da casa funerária e quem recebeu a propina para liberar geral.
Isso tudo vale também para outra tragédia presente em muitas cidades: as inundações. Assunto este já tratado em artigo anterior.
Cada vez mais há um descontrole ambiental e do clima em si. Chuvas demais, secas terríveis, neve em proporções dantescas, furacões, tsunamis e ciclones.
A cada ano vai ser pior e mais mortes serão computadas até que alguém seja nobre o suficiente para bater no peito e tomar as rédeas sem controle dos planos diretores citadinos, especialmente dos municípios litorâneos ou perto de matas fechadas, encostas, serras etc.
Entretanto, sabe-se de ante mão que planos diretores guardam intima relação incestuosa entre o poder público e as construtoras. Denota-se a partir deste ponto um total desinteresse das administrações municipais em conter planos de expansão irregulares, desde que haja vantagens para o eterno namoro indecente entre prefeituras e empresas de construção mediante contratos suspeitos.
Então vale tudo.
Vejam este caso a título de ilustração. Um proprietário de uma casa de praia muito bem relacionado em Ubatuba mandou construir um pier invadindo uma praia e uma faixa de mar impedindo as pessoas terem acesso a uma área publica.
A praia antes da obra era considerada área de proteção ambiental. O dono mandou erguer a obra sem autorização da Marinha Brasileira responsável pela área e sem a anuência da Prefeitura.
O programa CQC (Band TV) denunciou o ocorrido. A Prefeitura, através de uma liminar, determinou a destruição do pier. Tão logo soube do evento, o proprietário conseguiu uma outra liminar interrompendo a eliminação do pier.
Essa é uma parca idéia de como “tubarões” tomam conta do litoral brasileiro invadindo e corrompendo o poder público para sustentar seus locais de prazer e lazer e somando-se à conivência das prefeituras e da Marinha Brasileira quem ganha mesmo é a industria do defunto e horas extras para o pessoal do IML.
Ano que vem? Tem mais. Repeteco do filme deste ano.
Finalmente, o dano é maior do que se imagina. Famílias destruídas, prejuízos materiais e toda uma cadeia econômica, que trabalha no setor de turismo hoje, assistindo o bonde passar sem nenhum passageiro a bordo.
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