JORNAL PENA LIVRE
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domingo, 18 de julho de 2010
LEI INTROMETIDA E INEFICAZ
Imaginava que leis serviam para tratar de assuntos relevantes, algo que pudesse regulamentar importantes aspectos de nossa vida cotidiana, não para tratar de assuntos domésticos das famílias dos outros.
Estamos à beira da intromissão pura e simples em assuntos que o Estado não deve meter a mão.
Lula assinou texto de lei complementar ao artigo 18 do Estatuto da Criança e do Adolescente que proíbe os pais de usarem a famosa palmadinha, ou como está escrito no texto “castigos corporais de qualquer tipo”.
Imagine a situação. Família de pai, mãe e uma filhinha linda de seis aninhos de idade, totalmente encapetada que começa a gritar feito louca na vitrine de uma loja de brinquedos porque quer uma boneca nova.
Os pais tentam dissuadi-la na base do carinho e da conversa. E a menina gritando ainda mais. Prometem de tudo para ela: entrada de cinema para ver o último lançamento da Disney, pipoca, doces até um novo gatinho de estimação.
A menina consegue arrancar os tímpanos do povo circulando pelo local.
Até que se houve uma palmada no bumbum dela colocando um ponto final na bagunça.
Todo mundo já viu essa, mas acredito que ninguém ainda tenha visto exatamente a mesma cena sendo resolvida a contento com peripécias psicológicas como sugerem alguns experts no assunto, geralmente pessoas leigas que nem filhos tiveram para provar o doce remédio que receitam aos outros.
Proibir a famosa palmadinha nada tem a ver com o papel do Estado já absurdamente enrolado em oferecer, em troca dos nossos impostos, algo de bom e condizente com o que pagamos.
Se meter nesse assunto é tão prodigioso quanto sugerir um engenheiro para curar diabetes.
O Brasil tem um recorde mundial em leis caracterizadas como excrementos escritos por lunáticos em geral.
E pior. Copia modelos de outras leis tão idiotas quanto sui generis. Na Flórida (EUA) tem uma lei proibindo mulher solteira pular de pára-quedas no domingo.
É a febre legislativa. Temos exemplos um tanto absurdos no Brasil. Teve uma cidade que esses tempos baixou um decreto municipal dizendo que “a partir de hoje, fica proibido morrer nesta cidade”. O motivo? O prefeito queria chamar a atenção para o fato de que o cemitério municipal estava superlotado, e sem espaço para ser ampliado, ou aquela que dispõe da obrigatoriedade de observar o elevador para ver se ele está parado no andar. (todo prédio com elevador tem uma placa informando os desavisados sobre a tal lei).
Toda lei no Brasil precisa “pegar”, ou seja, cair no gosto popular. Caso contrário babau. Não adianta insistir com a natureza do brasileiro.
A tolice não é meramente do Brasil.
Alguns exemplos de leis idiotas
· É proibido embebedar peixes em Ohio (EUA);
· É proibido dirigir de olhos vendados no Alabama (EUA);
· Mulheres solteiras no Irã tem que usar burca dupla;
· É proibido morrer dentro do parlamento britânico (Inglaterra);
· É proibido dar a um porco o nome de Napoleão (França);
· Em Alberta (Canadá), se você esteve preso e foi liberado, tem direito a pedir uma arma carregada e um cavalo para sair da cidade;
· Nos EUA: É proibido jogar dominó no domingo, ilegal usar bigode postiço que cause risos na igreja, colocar sal nas linhas ferroviárias pode ser castigado com a pena de morte, os homens não podem cuspir diante das mulheres e é proibido vender amendoim após o entardecer das quartas-feiras em Lee Country. (nesse caso o amendoim pode provocar o mesmo efeito que o Viagra, talvez).
Todo ser humano tem que ser limitado em suas ações. Senão vira baderna. Pelas leis o Estado consegue disciplinar a coisa toda oferecendo a força do judiciário que é o braço de coerção do Estado. Se o cidadão quiser empunhar sua própria lei e com isso objetivar o mal de outrem, a força do Estado pode até usar de medidas extremas.
Não é o caso de surrar até a morte os filhos que insistem em não lavarem as mãos antes das refeições nem, tampouco, arrancar o escalpe do moleque porque enfiou o dedo na tomada.
Nem tanto o mar, nem tanto o céu.
A palmadinha educacional é instrumento do poder do estado chamado família. É, em síntese, o poder judiciário doméstico que não tem conversa mole com quem não obedece as regras do bem viver.
Eu mesmo fui educado tomando algumas palmadas boas e não cresci com desvios psicológicos, como alguns querem prometer que acontece, e nem fui me embriagar no bar da esquina gritando que meus pais não gostavam de mim.
Se tomei uma duras quando criança é porque deixei meus pais à beira de um ataque de nervos.
Quantas foram as vezes que desobedeci uma ordem caseira e fiquei com o traseiro vermelho feito pimentão. Injustiças acontecem, de certo.
As leis às vezes colocam inocentes atrás das grades. Os pais também podem errar. Meus pais erraram certa vez.
Meu irmão havia quebrado alguns copos de cristal e escondeu os cacos embaixo das minhas gavetas do meu armário no quarto e acabei levando a bronca do lugar dele, bem como uma “piza” de cinta do meu pai, mas tão logo esclarecido o mau entendido minha mãe e meu pai se derramaram em atitudes para me fazer sentir bem e comi muitas guloseimas por conta disso e pastel de queijo.
Não teve trauma coisa nenhuma como afirmam os “psicolóides” diplomados que estão posando de sabidões e ajudaram Lula assinar essa coisa esdrúxula.
Cresci sabendo os valores familiares, a sabedoria do bem, a educação do berço, estudos etc e tudo isso passei aos meus filhos que souberam aproveitar cada fragmento. Tomaram lá suas palmadas bem merecidas porque eram carga pesada na bagunça.
Daqui a pouco vão criar leis auspiciosas para me impor a obrigatoriedade de dizer bom dia para o meu cachorro e ler para ele Shakespeare em inglês, ou me impedir de torcer por meu time predileto.
Quer tal o Estado se meter onde é chamado e que é ineficiente em cuidar do seu próprio quintal? Queria ter dito rabo, mas seria criticado severamente aqui mesmo dentro de casa.
Vá cuidar de dar saúde para todos nós, segurança e uma educação melhor do que essa porcaria que nos serve e deixar as palmadinhas conosco pais responsáveis e que sabem educar e transmitir os valores que tanto faz falta no dia a dia.
Tivessem alguns tomado umas boas palmadas não teríamos crianças tão deseducadas quantos as de hoje que cospem no prato que comem e chamam de facínoras quem coloca comida na mesa e quer em troca o quarto arrumado, pelo menos.
Palmada educacional e uma surra de pau é diferente. A primeira sempre forjou homens de bem e cidadãos dignos. Essa coisa de psicologia para lidar com criança histérica serve mesmo para desocupados (as) solteiros (as) que escrevem essas leis tão eficientes quanto recitar poesia para cavalos no pasto.
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