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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011












QUANTO RISO Ó QUANTA ALEGRIA


Mais de mil palhaços no salão, Arlequim está chorando pelo amor da Colombina, no meio da multidão é pedaço da letra Máscara Negra que muitas pessoas confundem sua autoria como sendo de Mário Lago, um erro comum.
Na verdade está composição tem autoria de José Flores de Jesus, carioca e mais conhecido como Zé Keti, falecido em 1999.
A letra revela um carnaval que não existe mais. Quase ninguém reconhece as figuras típicas de carnavais antigos: Colombina, Pierrô, Arlequim, as famosas máscaras negras, uso do inesquecível lança perfume proibido pelo ex fanfarrão presidente do Brasil Jânio Quadros. Também aqui outra polêmica. Muita gente pensa que a proibição saiu de uma canetada de Getúlio Vargas.
Havia um glamour nos desfiles de carnaval e nos salões da cidade do Rio de Janeiro. Tudo mudou Até o ritmo do samba enredo alterou-se profundamente e hoje não passa de uma britadeira enfurecida tamanha a rapidez das batidas dos atabaques e tamborins mais parecendo aqueles discos 33 rpm que eram tocados em 78 rpm.
A concorrência para o baile da cidade do Rio de Janeiro celebrado no Morro da Urca era intensa. Os jet sets, vips, artistas de cinema internacional, ricos e milionários digladiavam-se para conseguir um ingresso que prometia ser a festa dos sonhos e era certamente.
De outro lado, em outros salões os desfiles de fantasia de gala faziam delirar a platéia principalmente quando entrava desfilando Clovis Bornay, friburguense de carteirinha filho de pais espanhóis e suíços. Bornay dedicou-se a vida inteira a trazer o luxo e a originalidade para as passarelas do samba.
Por último e também grandioso o baile do Municipal. Retrato de uma Hollywood tupiniquim carioca onde os flashes e repórteres disputavam as celebridades para estampá-los nos jornais e revistas de fofocas do dia seguinte.
Panteras e panterinhas do meu Brasil, ademã que eu sigo em frente, sorry periferia e cavalo não desce escadas, atributos a Ibrahim Sued que carimbou sua simpatia e bom humor nas tiradas sarcásticas elogiando e por vezes espinafrando as beldades que desfilavam ou que davam vexame.
As colunas de Ibrahim eram o momento prazeroso do dia especialmente na época do carnaval. Os jornais que as publicavam causavam algazarra nas bancas de jornal. Todo mundo queria ver e saborear as picantes histórias de Sued.
Saiu a Av. Getúlio Vargas e entrou a Marques de Sapucaí, terminou o desfile das beldades lindas e famosas, bem como as músicas que tanto embalaram sonhos de Pierrô.
O carnaval contemporâneo é um desfile de horrores, um filme de sexta-feira 13 com direito a uma série interminável de versões.
A mais abominável figura dos carnavais atuais é sem dúvida o trio elétrico.
Misto de caminhão e palco com seu som bestialmente alto, disputa a atenção de turba de foliões que torturam seus corpos espremidos com sol a pino e se desmanchando de sudorese.
Fico imaginando Olinda em Pernambuco. Conheci Olinda algum tempo atrás e pude caminhar pelas ladeiras e ruas estreitas onde o famoso carnaval olindense acontece.
Com o medo de invasões e depredações quase todas as residências estão extremamente fortificadas com grades grossas, toda parafernália de alarmes, câmeras (para quem pode pagar claro), cães bravos fazendo parecer cenário de filme. Também pudera.
Tento imaginar a tortura chinesa que se submete os moradores da Olinda. São 5 dias onde dormir é apenas um sonho e os trios elétricos rachando as paredes com decibéis fora da escala.
Igualmente Farol da Barra em Salvador e imediações, Recife na Praça do Povo.
O desfile da Sapucaí deixou de ser popular há muito.
Hoje é apenas um grande negócio para encher o Rio de Janeiro de turistas que pagam fortunas para ver o grande desfile.
O nu enobrece a pista onde deveria existir o talento do sambista, as celebridades exibem seus corpos exuberantemente estufados com silicone nos carros alegóricos imensos, as madrinhas de bateria, mulheres bomba, bombom, melancia, melão e outras tantas frutas com seus traseiros aparecendo sem inspiração para mais nada que não exaltar o lado sexual da festa.
Os bailes, outrora de glamour, deixaram espaço para o escacho, a droga correndo solta, a bebedeira, o quebra-quebra de turmas enfurecidas pelas seringas que enfiam nos braços injetando anfetaminas, mescalina, ópio, crack, extasy até injeção de cavalo contendo toda sorte de química.
O propósito é um só: alcance de um estado de delírio onde tudo é permitido, inclusive milhares de casos de “Boa noite Cinderela”, uma bebida é servida para uma mulher contendo drogas que a fazem apagar. Nesse meio tempo são levadas pela turma, seviciadas, estupradas e acordam sei lá onde, grávidas, claro, quando não aparecem mortas.
Os salões mais apimentados são edições pioradas de Sodoma e Gomorra ou até pior.
É a evolução, celebram os entendidos, das festas urbanas como se isso fosse uma lei imperial.
Involução diria eu do divertimento para a sacanagem pura, o bordel.
De um folião ativo e interessado lá atrás hoje sou um fugitivo da festa de Momo, correndo para algum paraíso onde não consiga ouvir nada mais que som dos pássaros e apreciar a natureza, tomando um sol que ninguém é de ferro e quem sabe até uma geladinha suada.
Bumbum paticumbum bumburundum é o samba, isso aí.
Certamente neste carnaval estarei em lugar ignorado e não sabido, bem longe do show de horrores que é nosso carnaval atual.
Quanto riso ó quanta tristeza.
Finalmente o grande finale. Cidades como São e Rio registram bailes que misturam o carnaval e o funk, muito em moda atualmente.
As músicas aclamam partes íntimas das mulheres e abusam dos palavrões. Um mix de terror urbano com apologia ao sexo de salão exibido publicamente como nos bons circos onde os bichos eram parte do espetáculo.
Todo esse comportamento selvagem com aval e fiança dos pais que ajudam criar bestas feras capazes de transformar uma festa popular de salão numa demonstração do que há de pior no ser humano.
É o fenômeno BBB (big brother brasil): um magnífico negócio, cujo foco é o lado mais imbecil das pessoas com direito a voto e paredão.

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