JORNAL PENA LIVRE
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segunda-feira, 4 de julho de 2011
SOCORRO! APERTEM OS CINTOS. O AEROPORTO SUMIU.
Sr. Tuchiro e família embarcam num super trem de alta velocidade no centro de uma cidade grande e caótica como São Paulo e em minutos já estão no lobby principal do aeroporto rumo ao seu destino final de viagem, os Estados Unidos.
Viagem de férias. A família Tuchiro vai visitar a Disney pela primeira vez.
As crianças estão exultantes e felizes pela oportunidade de ver o Mickey e seus amigos no Magic Kingdon.
Após o desembarque Sr. Tuchiro, com dúvidas acerca do seu portão de embarque, pediu a uma atendente que informasse onde ficava o “gate” AB. A funcionária do aeroporto gentilmente e com um belo sorriso no rosto conduziu a família em segurança para seu portão de embarque.
Infelizmente o tempo não permitia decolagens e o aeroporto foi fechado para pousos de decolagens. Chovia e ventada demais.
No microfone uma voz informava sobre o adiamento dos vôos, mas também dava opções aos passageiros como, por exemplo, esperar o embarque em confortáveis micro-apartamentos com banheiro, inclusive chuveiro, um sofá, cadeira do papai, tv, um terminal informativo dos vôos e telefone por um preço bem camarada.
Nada de stress, sem filas e sem aborrecimento.
Se a família Tuchiro tivesse feito opção do seu carro próprio ao invés do trem bala para se deslocar até o aeroporto haveria vaga disponível com estadia reduzida para diárias integrais inclusive com serviço de manobrista e por alguns trocados a mais uma lavagem no veículo, caso seja necessário.
Tão logo o aeroporto abriu para pousos e decolagens a família Tuchiro foi avisada no telefone do seu micro apartamento para embarque imediato no portão AB.
Avião no spot e a família decolou rumo ao mundo mágico da Disney.
Essa historinha parece ficção científica não?
Mas não é. Trata-se de um embarque feito aos milhares no aeroporto de Kitakyushu, província de Fukuoka no Japão.
E olhe que não é um dos aeroportos considerados Hub Ports (portos ou aeroportos principais que servem para alimentar aeroportos menores).
Marcelo Rezende (Tv Record, programa Repórter Record) neste domingo dia 03/07/2011 exibiu, juntamente com sua equipe, a situação calamitosa de TODOS os aeroportos nacionais.
Sei que já escrevi várias vezes sobre o tema, mas não custa nada bater na tecla de novo tentando, quem sabe, sensibilizar alguém com um pouco mais de região glútea na cabeça para pensar sobre o assunto e tomar as decisões que, em face aos dois mega eventos esportivos que receberemos, já deveriam ter sido tomadas.
Queria aqui comentar alguns casos pitorescos que o programa apontou.
Em Vitória (ES) só existem cinco privadas operacionais em todo o complexo aeroportuário.
Em São Luiz (MA) a área de desembarque é uma barraca de lona improvisada, sem ar condicionado, sem asfalto na rua e sem banheiros. Os que existem são aquelas infernais unidades químicas que cheiram a ratoeira, uma gaiola de plástico injetado que fede à distância.
Deus me livre.
Existe uma personificação da culpa ela se chama INFRAERO.
Tudo sob seu controle está no comando de máfias ou impérios constituídos para roubar. Vamos elencar alguns monopólios que a INFRAERO deixa acontecer:
- Máfia do estacionamento. Em todo o Brasil os estacionamentos aeroportuários cobram as jóias da coroa para uma vaga apenas, isso quando tem alguma disponível.
No aeroporto de Combina (SP) a empresa fatura, somente com vagas para tempo mínimo, uma fortuna UM MILHÃO DE REAIS/mês e dá ao cliente uma “banana” contribuindo muito para a guerra entre os consumidores que são obrigados a disputar as vagas no muque, não raro os casos de violência provocada por essa batalha provocada pela INFRAERO.
- Máfia dos táxis. Essa é antiga e fica fechada nos chamados táxis “especiais” se intitulam assim para cobrar corridas cujos bolsos dos usuários são estuprados sumariamente com preços exorbitantes para um país pobre como o nosso. Táxis especiais? Não tem nada de especiais. São carros comuns apenas pintados de azul. Alguns parecendo as carroças do tempo do Color de Melo.
- Café e pão de queijo: outra máfia constituída para cobrar o olho da cara. Marcelo Rezende testou o preço para dois cafés curtos e um pão de queijo: R$ 10,00!!!!
- Restaurantes idem. Os que tem comida decente cobram por um prato com arroz, feijão, bife e salada a magnífica quantia de R$ 60,00 por pessoa!!!
Culpado para todo essa caos só tem um: INFRAERO que contribui para a exorbitância dos preços porque cobra alugueis das empresas residentes em seus aeroportos em valores praticados somente na Arábia das mil e uma noites.
Em São Luiz a INFRAERO perguntada sobre o caos naquele aeroporto se limitou a soltar uma nota impressa com a mais fantástica cara de pau que se tem notícia dizendo que vai reduzir para R$ 13,00 a tarifa atualmente em R$ 20,00/cabeça para compensar o infortúnio.
Em Cumbica e Congonhas as tarifas são as mais caras do mundo.
No aeroporto japonês que abre este artigo por uma refeição completa servindo quatro pessoas a quantia paga alcança R$ 30,00, apenas isso.
Em SP com esse mesmo dinheiro o consumidor mal consegue comprar uma média com pão e manteiga.
AH Marcelo Rezende mostrou um outro aspecto da abundância de problemas aeroportuários. Em TODOS os aeroportos não tem assentos disponíveis para acomodar os passageiros em espera, nem para idosos ou deficientes físicos. O que se mais se observa são pessoas sentadas no chão, dormindo em cima das malas.
Em SP a cadeira de rodas ofertada pelo aeroporto o assento e tão pequeno que boa parte do corpo do passageiro fica de fora ocasionando lesões em pessoas com sobre peso, por exemplo.
Em Florianópolis o aeroporto está com quase todos os sanitários em reforma ficando para o passageiro apertado a missão de se virar não se sabe onde e de que maneira.
Em todos os aeroportos visitados Marcelo descobriu que se pode passar no Raio-X com armas brancas e as malas na área de desembarque JAMAIS são checados os tickets de bagagem.
Um verdadeiro território selvagem, ninguém manda em nada, não controla porcaria nenhuma e ninguém vem a público responder por isso.
Receberemos em breve Olimpíada e Copa do Mundo. Piada de mau gosto.
Como escrevi antes a certeza de o Brasil passar a maior vergonha do mundo ocidental.
O Palácio do Planalto não toma atitude nenhuma exceto acobertar licitações de estádios de futebol contribuindo para a instalação de um estado corrupto e cercado de interesses particulares.
O que se viu ultimamente foi uma vã tentativa de colocar a administração dos aeroportos em mão de particulares. A pedra filosofal não vai fazer milagre.
As obras necessárias já estão há muito fora do cronograma razoável de execução, exceto se for construído, como em São Luiz, apenas barracões de plástico para a galera se divertir sob sol escaldante e os malditos banheiros químicos destes que são montados em festas de peão.
Enquanto isso a INFRAERO vai cobrando US$ 100 para embarcar um passageiro em Cumbica com direito a usar o velho urinol e comer um sanduíche frio de pão com mortadela e um K-suco sem gelo.
Os cofres da estatal guardam incontáveis BILHÕES de reais e gasta uma ninharia por mês em investimentos porque nos quadros da INFRAERO simplesmente não tem ninguém que entenda do emaranhado de balbúrdia dos aeroportos nacionais independente do tamanho.
Chegamos em Julho. Férias. Disney vai estar lotada, assim como o nordeste.
As famílias brasileiras embarcarão sob os cuidados das asas da INFRAERO que promete transformar esta viagem num evento inesquecível de horror e sofrimento.
Quem sair de casa para enfrentar vôos por motivo de férias ou a trabalho convém resgatar o kit por mim sugerido em artigo de algum tempo atrás: sanduíches feitos em casa, papel higiênico, um kit de penicos individuais, almofadas para deitar no chão, velas votivas para acender para São Judas Tadeu (santo das causas impossíveis), um engradado de água mineral, colchonetes e bastante paciência.
Relaxa e goza que só está começando. Socorro o aeroporto sumiu.
Acessem meu blog para ver este artigo e muitos outros
http://jornalpenalivre.blogspot.com/
Magno Almeida Lopes, escritor e jornalista free-lancer, administrador de empresas com habilitação em negócios internacionais, tecnólogo de obras e solos, engenheiro de rede Lan, membro efetivo da academia Piracicabana de letras, MBA em comércio exterior. Piracicaba (SP), 4 de julho de 2011. email: lopesmagno@gmail.com
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