JORNAL PENA LIVRE

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domingo, 5 de fevereiro de 2012












DEXA NÓiS LIVRE... DEXA NÓiS LIVRE

O filme que abriu as portas para Steven Spielberg na empresa Dream Works Pictures, "AMISTAD", contou com um elenco de superior grandeza linha liderado por Morgan Freeman, Anthony Hopkins, Djimon Hounsou e Matthew McConaughey.
O filme AMISTAD recebeu quatro indicações para o Oscar da Academy Award; melhor ator coadjuvante (Hopkins), melhor música, melhor indumentária e melhor cinematografia.
Um evento real como cenário este filme relatou a inacreditável história de um grupo de escravos africanos que se rebelou e se apoderou do controle do navio que os transportava e tentava retornar à sua terra de origem.
Quando o navio, La Amistad, foi aprisionado, esses escravos seguiram carreados para os Estados Unidos, onde foram acusados de assassinato e jogados em uma prisão à espera do seu destino. Uma apaixonada guerra se iniciou, o que prendeu o interesse de toda a nação e confrontou os alicerces do sistema judiciário norte-americano. Entretanto, para os homens e mulheres sendo julgados, tratava-se simplesmente de uma luta pelos diretos básicos de toda a humanidade... liberdade.
Anthony Hopkins, que interpretou John Quincy Adams, advogado, político e de mente revolucionária e libertária (chegou a ser presidente norte americano) era filho do ex-presidente americano John Adams, revestiu-se de ouro e purpurinas no final do diálogo do filme no qual Adams fazia o papel de advogado de defesa de grupo de escravos liderados por Cinque (um dos tantos a bordo do navio Amistad).
Cinque, interpretado pelo grande ator negro Djimon Hounsou, Adams evocou os ancestrais dele em sua defesa do caso Amistad, lembrando, igualmente, os grandes nomes que escreveram com páginas de honra e sangue a história americana: Washington, Jonh Adams, Benjamim Franklin e tantos outros.
O monólogo de Adams impressiona ainda hoje para pureza das intenções, a bravura das palavras amargas da verdade, dos antepassados que forjaram o que somos hoje, do medo de ter medo, da bravura indômita e dos ideias de liberdade.
Liberdade esta lavada e enxaguada com o sangue da guerra civil americana que estouraria algum tempo depois do caso Amistad, no confronto norte-sul dos interesses escravagistas e dos desenvolvimentistas encabeçados pelos estados do norte.
Liberdade é um conceito que o Brasil ainda não aprendeu o que representa.
Este estado natural do ser humano é confundido com atos de libertinagem e ousadia de ações ao arrepio da lei.
A liberdade significa um ato de coragem e de história escrita nas pedras com lápides de vidas tombadas pela luta para que ela seja sempre conquistada.
Não acredito em liberdade objeto de uma herança portuguesa, sem certeza, carregada a bordo das milhares de pilhagens perpetradas pela família real quando aqui chegou.
Foram centenas de navios trazendo cargas preciosas portuguesas na fuga de Dom João VI (João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís António Domingos Rafael de Bragança) na caçada de Napoleão Bonaparte aos países ibéricos, especialmente Portugal.
Dom João VI tomaria o poder por um golpe que a vida lhe proporcionaria que foi a morte de Dom José, seu irmão que era para sido o regente de fato.
Uma herança desse naipe só poderia mostrar-nos ensinamentos mundanos sem qualquer qualidade apreciável de um povo que adora ser apreciado como da paz e do sossego.
Ninguém sabe o valor da liberdade até a momento de lutar por ela ou de sentir o gosto amargo da falta dela.
O país caminha libertino para um final doentio e sombrio.
São milhares de “BBB” cotidianos a que somos vítimas sem que qualquer um de nós ouse pensar em tomar a pena e a tinta para escrever a coisa toda de outra forma.
O Brasil perdeu o 7º Ministro de Estado pela mesma razão de sempre no repetitivo ato de corrupção passiva e ativa.
Custa-me crer que consigamos produção tão larga de gentinha especialista em detonar os alicerces do que poderia ser uma grande nação.
País pequeno se faz com pessoas desinteressadas, descompromissadas do caráter público da coisa toda, que ri da lei, que a usa para seus ideais de perversidade e falsidade.
Um país menor ainda se ergue nas latrinas do poder que a tudo e a todos corrompe sem que apareça uma força de um homem como Adams (o filho) que, com seu ato de libertar os escravos do Amistad acendeu o estopim da guerra da Secessão americana, tendo ele dito que se a guerra viesse que fosse o último derramamento de sangue para conclamar a evolução daquele povo.
Maravilha.
Com esta pena que não escreveu uma linha sequer da nossa história de país tupiniquim, pobre porque não sabe dividir suas nobres riquezas, assoreado por uma canalhada encastelada de difícil decomposição vamos levando no batuque e na crença de que Deus é brasileiro.
Quem lá de fora nos ouve e nos assiste cumpre a mesma atitude do embasbacado telespectador que se diverte vendo a sacanagem comer solta no BBB da Tv levando vantagem em tudo certo? Vendo Sodoma e Gomorra ao vivo.
Errado.
A vantagem nisso é a nossa derrota que nos idos de 2012 não conseguimos emplacar sermos um povo digno e de costumes ilibados, não galgamos nenhum sabor de liberdade porque não sabemos com que tempero ela se forja e, finalmente, solapando a esperança dum lugar patropi e cheio de vida deixaremos para as futuras gerações uma biblioteca vasta de conhecimento policial capaz de ruborescer Adams onde quer que esteja agora.
Em cem anos adiante, recordando nossos ancestrais de hoje nos depararemos com um comprovante de que nunca construímos uma nação que prestasse especialista que foi em pintar de luto nossa bandeira tendo com pano de fundo os inoxidáveis humanóides que hoje brincam no poder.
Dexa nóis livre, dexa nóis livre dizia Cinque para Adams no pouco que aprendeu da língua local, deixando uma lágrima escorrer dos olhos cansados de tanto apanhar e ter o lombo a serviço dos homens brancos.
O filme é um libelo da clarividência divina que deveria ser exibido em sessões contínuas nos bares, nas tvs, nos locais de trabalho e para todos os políticos e homens que com sua tinta e papel derrubam nossos muros da vergonha e decência.
Dexa nóis livre.


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Magno Almeida Lopes, escritor e jornalista free-lancer, administrador de empresas com habilitação em negócios internacionais, tecnólogo de obras e solos, engenheiro de rede Lan, membro efetivo da academia Piracicabana de letras, MBA em comércio exterior. Piracicaba (SP), 04 de fevereiro de 2012. Email: lopesmagno@gmail.com

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