APAGÕES
DA DECÊNCIA
Delicioso
e bem temperado. Quem não gosta de um frango assado não?
Pelo
menos aqui no estado de São Paulo a iguaria pode ser encontrada em abundância nas
padarias paulistas, bem como alguns supermercados, mercearias e já se tem
notícia, em Campinas, de uma farmácia que fez acordo com uma padaria próxima
onde os clientes, dependendo do que vão gastar, podem ganhar uma penosa
deliciosa para levar para casa de brinde.
Um forte
concorrente às galinhas temperadas e douradas exalando aquele cheiro delicioso
são os aeroportos do Rio de Janeiro.
Subitamente
uma onde de calor avassaladora atinge aquele estado neste início do verão
carioca, fazendo as temperaturas competir com as dos amigos assados que fazem a
festa no final de semana.
Os
apagões que atingiram os dois aeroportos no Rio: Antonio Carlos Jobim (Galeão)
e Santos Dumont, respectivamente dois dos mais importantes pontos de embarque e
desembarque brasileiros, servindo de início de rotas ou conexões, deveras
vitais da aviação brasileira viraram Tvs Dog como são apelidadas as maquinas de
assar penosas aqui no estado de São Paulo.
O sonho
de todo cachorro de rua é assistir lambendo os beiços os frangos ficarem prontos
nas máquinas, certamente.
As duas
administrações dos aeroportos citados correram se desculpar atrás de velhas a
sintomáticas explicações esfarrapadas, dizendo ser apenas erro do acaso e
anunciaram abrir inquéritos para apurar as causas que levaram ao delírio
milhões de passageiros que entraram nessas arapucas e que são conhecidas pelos
codinomes de aeroportos.
Dilma
Houssef, em entrevista recente a jornalistas e depois do apagão do aeroporto
Galeão, antecipou-se dizer bobagens como profunda conhecedora que não é da
aviação brasileira, talvez apenas como uma ilustre passageira.
Uma das
pérolas da nossa presidente foi afirmar que o Brasil não tem problema de
escassez de racionamento de energia trocando “racionamento” ao invés de usar
fornecimento em sua fala. Visivelmente nervosa face aos fornos de micro-ondas
que se transformaram os dois aeroportos cariocas, a presidente falou ainda que
o apagão do Tom Jobim foi por conta de máquinas de ar condicionado velhas e
sucateadas e que as mesmas precisam ser trocadas.
Tudo
isso, segundo ela, é culpa de erros humanos.
Numa
outra parte da entrevista disse abominar jogar a culpa nos raios e outros
parangolés meteorológicos como gatilho para os apagões no Brasil.
Outra
bobagem imperial.
Sabidamente
o Brasil é campeoníssimo número UM do registro de quedas de raios do mundo.
Nada se iguala ao nosso território quando o assunto são raios e descargas
elétricas.
Fontes
da Revista Veja (17/12/2012) afirmam que caem aproximadamente 57 MILHÕES de
raios por ano no Brasil numa média de 156 MIL raios por dia.
Amazonas
é o estado que mais recebe as descargas, 11 milhões por ano. São Paulo, maior
número de mortes por raios. Nos últimos 10 anos em todo o Brasil foram 1321
mortes. A resposta para tantos raios não é oficial, mas pode estar relacionada às
alterações do clima no planeta. Pesquisadores estimam que a cada grau que a
temperatura aumenta, a incidência de raios pode aumentar entre 10 e 20%.
A
presidente desconhece que milhares de raios caem em estações elétricas, nas redes
de distribuição e, sim, causam apagões e não é nenhum elemento humano que liga
o fio na tomada para disparar os milhões de descargas elétricas que assolam o
Brasil.
Talvez
ela tenha se esquecido das velhas aulas de ciência na escola indicando que
alguns raios mais poderosos podem registrar temperaturas tão elevadas quanto às
do sol e milhões de volts indicando ser um elemento potencial para destruição
de redes elétricas e registro de apagões pelo Brasil afora.
Uma
vez que o ar condicionado do Galeão está obsoleto quem a presidente espera que
possa trocar o equipamento para um mais moderno. Eu? O meu vizinho ou a sua
portentosa Infraero que acumula verbas até pelo ladrão?
Dá
a Infraero na minha mão que faço chover canivetes com ela.
No
meu país Magnolândia JAMAIS uma empresa como esta Infraero poderia terminar o
ano com dinheiro no bolso, que dirá auferir lucro. Ela tem que prestar serviço
pelo que é paga regiamente.
Apenas
a título de ilustração. Um avião Boeing 747 de qualquer linha nacional ou
estrangeira paga as seguintes tarifas: navegação aérea, pouso, permanência,
conexão, uso das comunicações em rota, auxílios a rádios de navegação, controle
de aproximação ILS ou visual, armazenagem e capatazia.
Essa
conta beira os R$ 16.113,00 por evento. Ou seja, se ele fizer uma ponte
SP-Miami-SP, pagará R$ 32.216,00 em média. (fonte Anac). Fora as tarifas que
cada passageiro paga individualmente.
Observa-se que a alavancagem financeira e o spread são responsáveis por mais da
metade da lucratividade da empresa na maioria dos períodos examinados. O
retorno da atividade financeira da Infraero é tão preponderante que ajuda a sua
rentabilidade a subir muito nos anos em que a atividade operacional gera lucro
e impede que o prejuízo seja maior nos anos em que a atividade operacional gera
prejuízos.
Ou
seja, a empresa ganha muito mais, proporcionalmente, aplicando no mercado
financeiro do que nas suas atividades fins. Essa é uma grave distorção.
Infraero não é para dar lucro algum no meu ponto de vista.
A
explicação para a existência de receita financeira tão vultosa encontra-se no
ganho de floating que a empresa aufere em virtude da
atividade de administração dos recursos da conta “Recursos de Terceiros”, especialmente
aqueles repassados à União, por intermédio do Tesouro Nacional e do Comando da
Aeronáutica, e os relativos à Ataero (adicional de tarifa aeroportuária)
vinculados a investimentos.
Resumo
da ópera do malandro, a empresa recebe fundos do governo que são aplicados em
papéis do próprio governo gerando, assim, boa parte dos seus lucros indecentes.
A
presidente deveria, sim, ao invés de gesticular culpados humanos que corresse
atrás da empresa sob sua responsabilidade e a colocasse para gerir aquilo que
lhe é devido e, aliás, o faz muito mal e de forma totalmente ineficiente.
Todo
mundo sabe que no andar dessa carruagem receber turistas nacionais ou vindos do
exterior para os jogos olímpicos e a Copa do Mundo de Futebol será o maior
desastre registrado na história do Brasil.
O
turista vai ter um leque gigantesco de obstáculos para transpor até chegar
hipoteticamente a uma partida da Copa do Mundo ou assistir a um jogo das
Olimpíadas: desembarcar a tempo nas porcarias de aeroportos nacionais, conseguir
hotel a preço justo porque sabidamente as tarifas hoteleiras estão entre as
mais caras do mundo, não ser assaltado, conseguir um taxi sem taxímetro
calibrado a maior, transpor os milhões de quilômetros de congestionamento para
chegar nas praças desportivas, conseguir driblar os flanelinhas se cair na
bobagem de alugar um carro, não ser ludibriado no cachorro quente com uma
salsicha, molho de menos e um preço que
daria para comprar o Pão de Açúcar, escapar dos cambistas e finalmente assistir
seu jogo. Na volta mesma ladainha.
A
seleção brasileira se chegar à etapa chamada quartas de final me darei por
satisfeito. Troca de técnico e os mesmos pernas de pau jogando um joguinho sem
inovação e sem criatividade no horroroso 3x4x3.
Isso
é o que dá uma empresa responsável por gerir aeroportos nacionais estar sob o
comando de uma politicagem acéfala e irresponsável. É como colocar um padeiro
para gerir a Embraer, o máximo que vai acontecer será os funcionários ganharem
alguns quilos a mais pelo excesso de comer pão.
A
política é primorosa em apimentar as empresas estatais com padeiros e
marceneiros para tocar empresas do porte da Infraero. Aqui uma justiça seja
feita. Precisamos muito mais de bons padeiros no Brasil e marceneiros de folha
corrida do que de políticos.
Enquanto
isso resta aos passageiros o calvário. Subir as doze estações da via sacra
assando seus lombos nos micro-ondas gigantescos que se transformaram
ultimamente os dois aeroportos cariocas.
Ainda
por cima ter que pagar para a Infraero as vergonhosas tarifas aeroportuárias
para ter em contra partida os sanduiches, café e refeições mais caros do
planeta, banheiros que estão entupidos, calor, filas, atrasos e cancelamentos,
mau atendimento e o escambau.
O
apagão do Tom Jobim é sintomático. Representa a falência da Infraero, cujos
açougueiros que a administram certamente andam de jatinhos particulares não
sujeitos ao inferno astral nem ao calor abrasador do verão carioca que atingiu
marcas de sensações térmicas para lá dos 50 graus!!!!
Nem
a presidente que utiliza o aerolula para seus deslocamentos.
Ela
tem razão quando diz que tudo isso é culpa do ser humano. Em parte é verdade,
mas não aquele que ligou o raio para cair na subestação ou o simples empregado
do aeroporto que ligou uma lâmpada a mais.
Bata
no peito e comece a culpa em si mesmo presidente.
Culpe
a administração dessa porcaria da Infraero que só faz mesmo ter competência em
maltratar quem paga suas tarifas colossais. Culpe pelo seu caixa abarrotado de
dinheiro enquanto o frango assado tenta embarcar para ver sua família no natal
e ano novo.
Culpe
sua ministra do “Pranejamentio” que é pessoa corresponsável pela Infraeo auferir
lucros quando deveria apresentar trabalho em prol dos coitados que se atrevem a
entrar nas arapucas aeroportuárias brasileiras.
Culpe
seu governo de sequenciados apagões dessa infraestrutura em frangalhos e de
idade medieval.
É
culpa dos humanos sim, mas dos seus humanos sob seu comando presidente não dos
meus.
Um
momento de relaxamento. Já que tudo vira piada no Brasil poderiam rebatizar a
Infraero com o nome sugestivo de Frangoaero, mais a caráter para os milhares de
passageiros torrando lá dentro das aeropucas.
Boa
viagem ou bom assado?