JORNAL PENA LIVRE

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domingo, 2 de junho de 2013

COLOSSO UM IMPÉRIO EM RUINAS  - IRAQUE

Impérios vierem e caíram, bem como outros virão e desaparecerão, é como se fosse um ciclo de vida e morte, de poder e glória.
O problema não reside no tempo de duração dos impérios, mas nas linhas em preto e branco que deixaram registradas na história da humanidade.
O império romano deixou sua marca por ter sido um sistema de conquista territorial, basicamente, com posterior controle debaixo do chicote de Roma e seu poderio militar.
No que era para ser eterno acabou em 476 DC sob o comando de Rômulo Augusto.
Alexandre Magno (o grande) tentou eternizar-se através da conquista de outro império igualmente imenso e poderoso que também era conquista pura e simples de espaços de terra com posterior controle militar, uma receita que nunca funcionou.
Depois veio o Terceiro Reich que durou menos ainda e levou a humanidade a uma luta intestina com mais de cinquenta milhões de mortes.
Os EUA se estabeleceram como outro império, embora qualquer americano negaria a existência dele pela ausência simples de um rei, mas não pelo seu clássico comportamento de conquistador, neste caso libertador de pouco sucesso, é bem verdade.
Conquista, cobiça, irresponsabilidade, devaneios de uma grandeza absoluta, poder acima de tudo não são pilares dignos e sólidos para dar sustentabilidade imperial a longo termo.
Vide a antiga e toda poderosa URSS, União das Repúblicas Soviéticas, que tentou a força unir culturas tão diferentes em vasto território, meios de vida tão diametralmente opostos. O cimento encontrado para dar argamassa de sustentação foi um regime tolerância zero com opositores de qualquer espécie e uma economia engessada voltada mais ao puro e simples conceito de crescer inexoravelmente com suas forças militares.
Durante décadas a solda atômica foi capaz de segurar a tensão pré-existente, mas que se desfez com o tempo como castelos de areia.
O conceito imperial mudou com o tempo de história humana, alterou seu foco de atuação e transformou povos onde pode alcançar com seus enormes braços.
Um exemplo clássico são os EUA e sua eterna busca pela democratização dos povos em conflito. O principal erro do império americano, hoje em plena decadência, é inerente a natureza de um complexo imperial democrático que deseja sempre trabalhar em curto prazo, de forma imediatista. Tudo o que nele se pode resumir é o velho ditado do fazer a tarefa preferencialmente pelo controle remoto no menor espaço de tempo e voltar para casa.
O caso mais recente para nosso estudo foi o papel americano na tentativa de democratização do Iraque, após sua invasão e morte do líder Sadan Houssein.
Para se livrarem do velho ditador os EUA inventaram uma história de crime e horror envolvendo armas de destruição em massa, tanto biológicas como químicas, na verdade tudo não passou de um truque para salvaguardar, de fato, a riqueza do petróleo que jamais poderia ficar sob o poder de um governo corrupto, monocromático, idiossincrático e extremista colocando em perigo as enormes jazidas.
Valeu pelo esforço de colocar uma corda no pescoço de Sadan e tentar dar alguma paz por ali.
O presidente norte americano George W Bush (filho) foi grotescamente mal assessorado na empreitada iraquiana, principalmente na observação de alguns princípios de manutenção da paz e construção democrática imaginada pelo ex-líder do Partido Liberal Britânico, Sr. Paddy Ashdown, quando aprendeu na marra no papel de alto representante na guerra gastrointestinal da Bósnia Herzegovina, cargo este criado no ventre do acordo de paz de Dayton (1995 Ohio – EUA):
ü  O primeiro principio é ter um plano elaborado e se atentar a ele. Os EUA foram ao Iraque para matar Sadan e cuidar das reservas de petróleo, portanto um plano fraco que não conduziu a qualquer envolvimento mais sério da reconstrução iraquiana pós-invasão:
ü  O principio numero dois da lista diz respeito às bases legais de uma empreitada dessa natureza: mais importante até do que estabelecer a democracia em si. Construir uma sólida base legal que possa solidificar um estado de direito;
ü  O número três, firmar um império da credibilidade. Quanto mais cedo isso pudesse ter acontecido menos desafios teriam surgido e, portanto, menos problemas;
ü  Iniciar imediatas reformas estruturais: política fiscal, setor alfandegário, blindar o judiciário com salvaguardas de leis consistentes e transformar o papel das forças armadas;
ü  Engraxar as engrenagens da comunidade internacional de modo que ela igualmente funcione dentro de um novo cenário de um país em reconstrução;
ü  Evitar dar prazos e se preparar para um ato de longa duração e muita perseverança. Instalar a ideia de uma sociedade livre e aberta num ambiente iraquiano severamente religioso é no mínimo imaginar um trabalho de duas gerações consecutivas: uma para liberar a ideia geral e outra para trabalhá-la assimilá-la.
ü  Finalmente, dar uma pincelada de destinação política ao cenário de paz inserido num estado democrático próspero e seguro.
O ponto crucial do erro americano no Iraque foi o prazo muito curto dado pelo plano falho inicial de libertação e mais cedo possível voltar para casa.
Mais que sair gritando que o Iraque estava livre de Sadan Houssein era ajudar o povo iraquiano a construir sistemas diversos de saúde, transporte, educação, sistema de crédito voltado para o aproveitamento do empreendedorismo local e, finalmente, ajudar a programar uma educação de capacitação técnica emprestando para eles as melhores cabeças americanas de Harvard, Yale e Princeton.
Foi isso exatamente o que o império britânico tentou fazer na Índia. Sem muito sucesso é bem verdade, porque os ingleses se esqueceram de ajudar os indianos no controle populacional que explodiu quando o país emergiu de uma era praticamente medieval para um mundo comercial cheio de novas ferrovias e capitais em circulação.
O que os ingleses fizeram também não foi suficiente para tirar os milhões de fazendeiros da linha de subsistência e certamente em numero insuficiente para atender uma população em severo crescimento piorado pelo dramático costume local de juntar ouro.
Embora com sucesso parcial, os ingleses se comprometeram até o pescoço com um plano original e emprestou para a Índia em tempo de décadas seus melhores economistas, cientistas, médicos, engenheiros e professores. E todos se mudaram para lá. Muito importante.
Há hoje na Índia uma população indiana de origem inglesa que soma milhões de pessoas que adotaram aquele país como terra natal.
Jamais num plano americano essa ideia faria sentido.
A ordem de Bush foi matar e cair fora o mais cedo possível abandonando o povo iraquiano à sua própria sorte.
Se os EUA quiserem ainda dá tempo. Basta apenas consultar a história e passar no papel carbono sucessos de atuação inglesa, uma globalização britânica que ajudou antigas colônias a serem hoje grandes nações emergentes: Canadá, Austrália, Nova Zelândia e porque não a Índia já que o país faz parte hoje de um seleto clube de países com PIB crescendo feito tiririca em terra roxa.









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