JORNAL PENA LIVRE
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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
ENCHENTE DE FALTA DE EDUCAÇÃO
Dizer que a humanidade há séculos mata o planeta a cada dia é chover no molhado, bem como transformar nosso lar global num imenso depósito de lixo.
A Terra está na UTI. Agoniza com o descaso dos grandes em busca de mais e mais riquezas que antes pensávamos infinitas.
Do pólo sul ao norte a mortandade deste planeta segue a risca o cronograma da agonia.
Aquecimento global, assunto tão badalado, é apenas uma das facas enterradas no abdômen do quase falecido terceiro astro iluminado do sistema solar. Muitas outras formas de depredação atuando em conjunto certificam sabidamente que estamos em sérios apuros.
Não escapa ninguém. O pobre, o rico, o branco e o negro. Tragédia nunca escolhe hora para acontecer e não seleciona por sexo ou cor para ceifar vidas.
A reunião em Copenhagen na Dinamarca reflete o descaso para quem sustenta todos nós vivos por aqui, ou seja, nosso planeta. Desta reunião já se sabe de antemão que países pobres e ricos não vão conseguir se entender.
Entretanto, não é disso que quero falar hoje. Há vários meses os estados do sul e sudeste estão sendo castigados por convulsões meteorológicas severas com tufões, furacões, tempestades elétricas, enchentes. As capitais e principais cidades seguem a rotina de contabilizar prejuízos, contar o número de mortos, consertar os estragos deixados por tanta água e lamentar pela ineficiência das administrações públicas que cuidam do caso com sendo parte da paisagem ou coisa de cidade grande. Não é.
O principal culpado disso é o inacreditável processo de impermeabilização asfáltica não deixando que a terra absorva o excesso de água. Isso é um ponto. O outro ponto mais importante, que não requer ajuda do governo inclusive, é o péssimo comportamento das populações dessas cidades jogando lixo na rua como se fosse sua própria casa.
A mais notável causa é essa. As estações elevatórias que bombeiam água para as partes mais altas da capital paulista foram obrigadas a instalar grades coletoras de detritos dentro dos rios impedindo, assim, que as bombas sejam danificadas com a entrada de elementos estranhos em seu mecanismo.
De tempos em tempos as estações são obrigadas a se livrar do lixo acumulado. É absolutamente incrível perceber o que contem essas montanhas de lixo boiando nos rios, a saber: toneladas de embalagens pet de sucos, refrigerantes e outras bebidas, milhares de fraldas descartáveis, centenas de milhares de absorventes femininos (eca), camisinhas, plásticos de todas as formas e tamanhos, pedaços de madeira, restos de comida, latas, garrafões, carcaças de carros abandonados, refrigeradores destruídos e até sofás inteiros.
A população é a senhora absoluta dessa carga mortal e é ela que joga tudo como se o rio fosse a lata de lixo da cidade.
Não tenho dó não quando as enchentes pegam essa gente levando tudo o que encontra pela frente. Desculpem a franqueza e o meu gelado estado de espírito.
São milhares de famílias que perdem tudo nas corredeiras que se transformam as ruas das cidades quando as chuvas apertam. O círculo vicioso é o mesmo de sempre. As famílias mais pobres e que moram em áreas de risco jogam tudo o que encontram pela frente nas áreas adjacentes aos mananciais de água, córregos e rios.
Já nas primeiras gotas de chuva todo esse material descartado por eles entopem as bocas de lobo (bueiros) das ruas próximas e as águas se acumulam de forma catastrófica.
Um desastre marcado e com hora certa para acontecer.
As administrações municipais cumprem seu papel igualmente de deixar rolar todo ano a mesma ladainha por sua inépcia e irresponsabilidade, senão vejamos: a não limpeza dos rios, e falta de dragagem para aumentar a profundidade dos cursos de água, o plano diretor e falta de fiscalização permitindo a moradia em local próximo a áreas de risco, encostas, morros e etc.
Além disso, as prefeituras são cara de pau na hora de distribuir a culpa e assumir seu papel nas tragédias prometendo o que não pode cumprir, iludindo seus munícipes e cobrando altas somas na hora de mandar o carnê do IPTU. Algumas cidades, inclusive, debochando querendo aumento deste imposto para o ano que vem.
Só mesmo uma revolução integral, dura e imediata para conter esse processo de pagar caro para não ter nada e colocar no paredão os políticos de sempre que tem prazer em ver pessoas morrendo soterradas, arrastadas pelas águas revoltas e pela indiferença.
De qualquer forma não posso excluir a culpa concorrente da população mal educada que transforma a cidade num lixão imenso e fétido.
Depois reclamam dos insetos, dos ratos, dos animais peçonhentos que eles mesmos dão de mamar.
Para quem quiser ter uma aula prática de como emporcalhar uma cidade de forma magnífica basta apenas dar uma espiadinha na Rua 25 de Março na capital paulista e as ruas principais do bairro do Brás.
Logo após o término do expediente podemos perceber uma séria devastação ilustrada de forma cabal com as ruas todas dominadas pelo lixo. Uma verdadeira zona de guerra.
São essas mesmas pessoas que depois choram pelo barraco que foi levado pela correnteza.
Não tenho dó quando o povão sai boiando rio abaixo. São os culpados diretos. Lamento porque se houvesse berço e bueiros desentupidos, áreas de risco livres da infestação habitacional isso não ocorreria.
Quem com ferro fere com ferro será ferido. Regra básica que a patuléia deveria seguir.
Quem joga lixo no lixo se afogará ou morrerá.
A política de prevenção dos desastres em épocas de chuva segue a velha toada de construir piscinões, obras inúteis e muita promessa mirabolante. Ninguém na administração dá a mínima para a questão educacional do povo, a melhora na coleta de lixo, a implantação de captura de lixo reciclável e criar um sistema educacional eficaz para deter tanta gente jogando toda sorte de coisas na rua.
Interessa mesmo o mantenimento da relação incestuosa entre o Estado e as empreiteiras para construir castelos de areia que se desfazem com as águas de março, que ainda nem chegaram. Com esse sistema familiar de ajuda mútua se dão bem os administradores que roubam bastante para seu consumo e as construtoras que engordam seus cofres com a morte de tanta gente que pagou IPTU para morrer na esquina. Culpa? São Pedro claro. Segundo José Serra é a natureza que se rebelou....
Chuááááá. Corra que lá vem mais água ai gente.
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