JORNAL PENA LIVRE

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quinta-feira, 24 de junho de 2010












SISTEMA PRISIONAL DE ARAQUE


O código penal brasileiro aplica penas aos infratores da lei de forma que a sociedade consiga, de alguma forma e através de seus mecanismos legais, regenerá-los e que consigam se inserir novamente na convivência comum com as outras pessoas.
Essa é a teoria e no papel fica linda.
Na prática a coisa cheira muito ruim.
Não posso me conter imaginar que o homem esteja conseguindo empreender viagens interplanetárias, para Marte, por exemplo, e aqui no Brasil estejamos ainda andando de tronco móvel quando o assunto é o sistema da nossa justiça.
A Folha de São Paulo de 23/06/2010 trouxe assunto de manchete que algumas prisões instalam escutas eletrônicas para monitorar conversas entre presos e advogados, algumas sem autorização de juízes ou desembargadores.
A reportagem fala ainda que encontros íntimos entre presos também estão sob observação.
E aqui exatamente onde quero meter a minha colher.
De longe e bem distante foi-se o tempo em que a corrupção envolvendo advogados e presos era apenas uma coisa absolutamente ocasional.
Todo mundo sabe que existem advogados e advogados.
A corrupção neste universo de relações chegou no nível de um escândalo nacional.
Milhares são os casos em que advogadozinhos formados em faculdades de emergência atuam como comparsas dentro de algumas quadrilhas. São os “mulas” escolhidos pela criminalidade para levar celulares para detentos, armas, servir como pombos correio, futricar a confiança do sistema prisional e transformar a justiça brasileira num caso de polícia.
Nos Estados Unidos normalmente as prisões contam com equipamentos de monitoração de conversas entre presos e seus advogados, familiares dos detentos, amigos e etc.
As conversas com parentes dos presos são do tipo monitoração on line e ao vivo no exato instante em que as pessoas estão conversando, qualquer deslize o sistema desliga os microfones e os papos são interrompidos.
Além desse controle, o regime prisional americano adota outros procedimentos que aqui deveriam ser também corriqueiros como, por exemplo, presos de certo nível de periculosidade impedidos de receberem visitas, prédios a prova de sinais de celulares. Nesse quesito o Brasil registra sinais de uma pandemia de aparelhos funcionais para detentos controlarem suas respectivas quadrilhas de dentro de suas próprias grades, quase todos levados por parentes ou advogados de porta de cadeia.
Outro sistema obrigatório em todos os presídios americanos é o de detecção de metais absolutamente rigorosa e terrivelmente eficaz.
Lá não tem essa de entrar com pistolas, facas, revolveres, balas ou qualquer objeto que possa ser utilizado como arma. Nos EUA os parentes e advogados também tentam fazer isso, ou seja, levar facilidades aos presos lá não é exceção à regra não. Vento que venta lá também venta cá.
A mesma corrupção que ordena por aqui também ordena por lá. A diferença, entretanto, entre os dois sistemas brasileiro e americano é cabal.
Claro que sei que o sistema de justiça americana não é o melhor do mundo. A adoção de penas de morte enseja, por si só, uma aberração. Todo sistema é falho e se ele falha não podemos colocar pessoas para torrar na cadeira elétrica baseado numa coisa que pode condenar Fulano de Tal injustamente.
Quero apenas comparar os quesitos de segurança dentro e fora das prisões americanas com o sistema brasileiro, totalmente ineficaz criando meios de atuar a favor da criminalidade.
A outra análise é a qualidade dos detentos. Explico. Qualidade aí quer dizer qualificação criminal, o crime que levou o réu a ser condenado.
São milhares de pessoas que roubaram um simples pão na padaria porque estavam com fome e que recebem o mesmo tratamento daquele fulano monstro que submeteu a própria filha a um cárcere privado e teve com ela 6 filhos, igualmente molestados, ou aquele bandido que saca sua automática calibre 400 e estoura vítimas para roubar míseros trocados.
Tem gente demais na cadeia porque a justiça condena ladrão da galinha em ritmo de samba. Parece que alguém acendeu pequena vela no fim do túnel com a justiça preferindo penas alternativas, ao invés de infestar cada vez mais nossos presídios que se parecem e muito com os piores campos de concentração nazistas.
Uma outra aberração que poderia ser corrigida. Criminoso tem que pagar sua estadia forçada no sistema. Nada há de graça nesse mundo. Se o detento toma seu banho de sol eu, você, nossos vizinhos e demais habitantes pagantes dos estrondosos impostos estamos suportando esse custo todo. E não é baratinho não.
Por conta dos elos de corrupção que atinge todo o sistema, desde o momento da pedra fundamental do prédio em si até a sua manutenção diária, o custo por cabeça é mais alto que nos países onde existem presídios modelos.
Ou em boa gíria de rua...o cara tem que rachar pedras para pagar sua despesa. Temos que interromper o pensamento tosco de alguns juristas de araque que acham que botar o peão para trabalhar seria uma espécie de trabalho forçado, portanto contra dispositivos de nossa Constituição.
Muita engraçado esse raciocino.
Qualquer trabalhador que seja obrigado a trabalhar, aliás, como todos nós, para ganhar a vida, pagar suas próprias contas, por esse pensamento idiota somos uma nação de escravos.
Bobagem.
O trabalho e o estudo são as únicas coisas que são capazes de regenerar prisioneiros encarcerados por qualquer motivo. Borrachada, inchaço de população carcerária, presos indevidos ou com penas pagas ainda presos não é capaz de reintegrar a pessoa à sociedade; ao meu ver esse tipo de coisa cria na verdade monstros capazes de qualquer coisa. A realidade está aí para demonstrar a verdade do que digo.
Finalmente os tais programas para tratar de menores infratores.
Uma piada de tremendo mal gosto.
Os criminosos sabem da moleza em punir menores e colocam os meninos e meninas para atuar na linha de frente dos crimes. Quadrilhas agindo atualmente são formadas por uma maioria de menores que se valem da legislação em vigor para agir livremente sem o temor de qualquer punição.
Aqui a legislação penal tem que se modernizar. Não há mais como falar em menor inocente o portador de um fuzil AK47 pronto para matar na entrada do morro. Quer seja ele de 16 ou 13 anos de idade.
Qualquer criança na faixa etária de 10 a 17 anos sabe que matar é crime. Nem me venham em falar em inocência.
Inocentes são as vítimas e tão somente. O regime para menores infratores atua de fato como uma universidade do crime. O meliante menor com 14 anos entra com um crime de latrocínio na Fundação Casa e sai especialista em tudo até como explodir aviões usando morteiros.
Essa fundação Casa é uma estrondosa embromação oficial para nos fazer crer que o Estado, absolutamente incompetente em segurar a criminalidade, vai mesmo regenerar o monstrinho. Duendes pintados com listras verdes e amarelas são mais verdadeiros.
Finalmente e não mais importante o rito processual. São milhares de petições, juntadas de documentos protocolizados, pareceres, opiniões, laudos periciais, vistas para enrolar ainda mais o processo lento.
As vítimas clamam por justiça que só se fará presente com toda essa meleca processual inserida em meios eletrônicos. Alguma coisa já vem sendo feita, mas a passo de cágado usando muletas.
A justiça só se construirá forte com um Estado que não seja tão covarde como esse que prefere construir mais mausoléus e universidades do crime do que estancar a sangria da criminalidade que é combatida com inteligência, não com mais presídios.

sexta-feira, 18 de junho de 2010
















CONGESTIONAMENTO ESPERADO E ANUNCIADO

Com a costumeira inépcia estatal para determinar os destinos básicos de um país com queda para as exportações, vimos obrigados a noticiar que o Porto de Santos parou de funcionar.
Não, não é greve dos estivadores nem dos pilotos do porto. Nem mesmo alguém que foi lá e colocou um cadeado na entrada do porto por sacanagem pura dizendo “fechado para almoço”.
Entupiu simplesmente, travou.
O cano quando entope é porque recebeu uma carga de detritos incapaz de deixar passar alguma coisa líquida, pastosa ou gasosa. O cano do porto de Santos está completamente tomado de toda sorte de dejetos.
O primeiro deles é a ineficiência do Estado (Governo Federal e do Estado de São Paulo), esse talvez seja o maior detrito que causou o transbordamento das atividades portuárias.
O segundo entulho é o descaso e a falta de estrutura de planejamento para prever o que ora se observa neste travamento absurdo, porém previsível.
Meu grande professor Samir Keed, querido prefaciante do meu livro “Fragmentos Jornalísticos” e eu mesmo em alguns artigos, vimos apontando que a coisa poderia dar no que deu. Não há a menor possibilidade de organizar uma estrutura medonhamente importante como o escoamento das nossas exportações, via Porto de Santos, com falácias politiqueiras, promessas mirabolantes, governos irresponsáveis em tudo o que faz e toca.
De fato alguma coisa vem sendo feita em termos de obras. Ampliação dos acessos e melhora das estradas de acesso ao litoral. Tudo bom, tudo perfeito. Só que tarde demais.
Perdeu-se a chance de sermos tão bons quanto futeboleiros, batucadores de tambor, reboleiros em noites de carnaval e contadores de piada de salão.
A desgraça já está feita.
O Sr. José chegou com sua carga de 38 toneladas de açúcar. Desceu a serra e deu de cara com uma fila que atravessa toda a extensão do porto pelo lado de fora. Tempo médio de espera para ele conseguir colocar seu possante a ponto de descarregar a carga: 37 horas.
A obra na perimetral em Santos (malha de acesso ao porto), quando estiver concluída, pelo menos vai resolver uma aberração da natureza verificada no local que é o cruzamento de ruas e avenidas nas imediações com a malha ferroviária.
O trecho sul do rodo anel (município de São Paulo) acabou por influenciar o aumento do fluxo dos pesados caminhões com destino ao porto que antes ficavam retidos no tráfego na grande cidade.
Os motoristas dos cargueiros rodoviários fizeram um bom negócio: trocaram os congestionamentos pelas filas intermináveis para descarregar suas cargas em Santos. Grande!
Pelo menos em São Paulo havia infra-estrutura para que o pobre coitado do motorista parasse para comer, dormir e fazer suas necessidades. Lá embaixo está por sua conta e risco. Se der uma dor de barriga vai ter que pular no mar ou ter que instalar uma privada no caminhão.
Tantas e tantas vezes apontamos aqui que o Estado, por não ter planejamento para dar atendimento às necessidades logísticas brasileiras cada vez maiores, com exportações em alta, assim como as importações, iria colocar o risco Brasil fora da escala e também o custo hoje considerado proibitivo em termos comparativos com portos semelhantes.
O prejuízo é múltiplo e imenso.
O motorista, tendo que esperar mais tempo para descarga, é obrigado a transportar com menos freqüência, gasta com isso combustível adicional, refeições que tem que fazer durante a espera e lá se vão os lucros.
O porto arrecada com suas operações cobrando tarifas que poderiam ser maiores não fosse o congestionamento. Evidente que o porto lotado traz aumento dos custos para todos os operadores, empresas transportadoras, mais gastos com segurança, gastos com capatazia, cargo handling, armazenagem.
O Estado deixa de arrecadar mais com impostos se o fluxo de cargas pudesse alcançar maiores níveis do que os de hoje.
Perdem ainda nessa cadeia os interessados nas cargas, os importadores, exportadores, dealers, empresas de armazenamento, despachantes, fiscais. Os únicos seres vivos que ganham com essa bagunça são os ratos do porto que podem ficar mais tempo roendo as cargas com alimentos e as pombas que fazem a festa com tanta zona e sujeira.
Não é à toa que lá fora falar em comércio exterior brasileiro arrepia e dá urticária com tanta sobrecarga de custos transformando o ato de exportar ou importar num verdadeiro martírio.
O Brasil modernizou-se, enquanto que as estradas que dão acesso ao litoral ficaram perdidas no tempo quando ainda se usava carroças. Ninguém se sentou à mesa para pensar ou chamar todos os interessados para planejar o futuro. O governo fez de conta que o assunto não era sua alçada e jogou a problemática para a iniciativa privada que bate na bola de volta para o primeiro e tudo fica assim entupido e irremediavelmente perdido.
Os três candidatáveis ao governo federal não tem absolutamente nada que seja parecido com um plano de governo para atender essas demandas, mas tiram da manga da camisa os discursos infames prontos e bem decorados, bem como uma terrível cara de pau e desconhecimento do assunto que eu classifico como de segurança nacional absoluta e questão de sobrevivência de um país.
Sinto-me escrevendo apenas por dever de ofício. Será que este ato pode um dia representar a mudança de opinião de alguém que dá uma “banana” para tal assunto na atualidade?
Heim seu Serra? Heim Dilma? Heim Marina?
Venham, por favor, em público dizer o que farão com esse imbróglio. Seus magníficos partidos têm alguma coisa estudada sobre o tema? Tem alguém aí com um plano viável e economicamente interessante que não seja criar fantasias eleiçoeiras, como prometer construir um porto novinho em folha em apenas uma semana ou chamar um mágico para fazer “plim” e solucionar tudo com direito a um coelho branco e bonitinho saindo da cartola?
Se tivermos uma represa imensa com zilhões de quilômetros cúbicos de água seria essa a vazão possível a ela? Não. A vazão pode ser a passagem por um conta gotas que é o fator limitante no caso.
Pensar no porto é a mesma coisa. Não adianta nada o Brasil sair nas carreiras e produzir às pencas se o fator limitante é um portinho de segunda categoria capaz de lidar com quase 2 milhões de TEUS/ano (unidade de medida de carga equivalente a 20 pés cúbicos ou o mesmo que um container tamanho pequeno que é facilmente visto em cima de caminhões a caminho do porto) enquanto que Singapura consegue processar 21.170.000 TEUS/ano. (Fonte Guia do exportador www.global21.com.br, acesso em 17/06/2010).
E Singapura leva outra vantagem. Tem as tarifas mais baratas do mundo.
Em vez dos três candidatos viajarem fazendo comprinhas em New York ou França e fazer de conta que são estadistas que tal pegarem uma corridinha adicional e dar uma olhada como Singapura conseguiu chegar nesse nível ou Roterdã na Holanda?
Copiar o que há de bom é bom.
Posso adiantar que lá o planejamento sério foi o início, boa vontade numa joint venture entre Estado e iniciativa privada, boa vontade, e uma notória sabedoria em fazer contas. Contas sim. Aqui o Estado se preocupa com questões menores enquanto deixa de arrecadar o que poderia se tivesse um cenário onde não houvesse tanto caos e bagunça.
E agora com o Porto de Santos tendo chegado nessa situação o que fazer?
Navios esperando descarga na baia com perdas incríveis por dia parado, caminhões e seus motoristas que são obrigados a dormir na boléia fazendo fretes de menos, gastos excessivos com combustível e o custo Brasil pra lá de Deus me livre.
Competir no comercio internacional com tudo isso doendo no lombo é tarefa impossível.
Eu tenho uma solução que não se encontra em Santos, mas na cidade de São Paulo.
Simples.
A criação imediata de um rodo porto alfandegado com modais integrados. Uma área imensa com integração de ferrovias, rodovias, dutovias e aerovias. De lá partiriam as cargas para o Porto de Santos já com trânsito aduaneiro (carga já liberada pela Receita Federal para embarque) somente por via férrea. Caminhões em Santos somente exceções como cargas especiais, perigosas.
Isso elimina o problema dos caminhões em Santos e toda sorte de efeitos colaterais adversos.
O local poderia ser bem próximo à descida de Santos. Geograficamente ali há espaço de sobra para um empreendimento assim.
No transito das importações mesmo esquema só que o inverso. Embarcaria em Santos com transito aduaneiro até o rodo porto e dali as cargas seriam despachadas por outros modais.
De outra forma, qualquer solução que envolva alteração das áreas adjacentes ao Porto de Santos, obras de ampliação, construção de novos armazéns e novos acessos ficará sensivelmente mais cara e lenta. Não vamos esquecer que Santos tem um problema geográfico intransponível. De um lado tem o oceano atlântico e do outro a serra do mar. Qualquer obra envolverá brigar contra os dois elementos geográficos por si só muito mais caro e moroso.

terça-feira, 15 de junho de 2010


















NÃO É QUESTÃO DE SEMÂNTICA

O governo Lula aclama aos quatro ventos que o Brasil está se desenvolvendo numa velocidade próxima dos famosos tigres asiáticos da década de 80/90 do século passado, fala das conquistas sociais, das aventuras do seu ministério das relações exteriores, blá, blá e blá. Tudo conversa para tentar eleger Dilma.
Manga de camisa e manga fruta, embora sejam palavras escritas da mesma forma, uma não tem nada a ver com a outra, bem como fogos pode ser plural de incêndios ou artefatos do tipo rojão, e bombas de festas juninas.
Lula confunde desenvolvimento com crescimento. Será que são a mesma coisa? Explica-se
Crescimento é medido pelo PIB, que é tudo o que o Brasil produz na economia. Essa medida tem apenas uma conotação de comparar valores econômicos e dá indicio a uma verificação de desempenho e fica por aí.
Desenvolvimento diz respeito ao que o país pode produzir com seu PIB acompanhado da qualidade de vida das pessoas, redução das catastróficas desigualdades sociais e o maior respeito ao meio ambiente e não é medido monetariamente e, sim, através do IDH (índice de desenvolvimento humano mede o nível de bem estar de uma população) e do índice de GINI (é utilizado para calcular a desigualdade de distribuição de renda de uma região)
Desenvolvimento está ligado diretamente às pessoas e como elas sentem a presença do Estado, à medida que pagam seus impostos cada dia maiores, mais injustos e, ainda, ao conceito do atendimento das necessidades de um grupo de pessoas, da sociedade enfim.
Celso Furtado (1968) dizia que o desenvolvimento possui um sentido, é um conjunto de respostas e um projeto de autotransformação de uma coletividade humana. Nenhum dos três candidatos à presidência no Brasil tem essa ideologia na cabeça e no coração, mas tão somente rascunhos de obscenidades políticas e idiotices econômicas que estão, sim, transformando o Brasil num país rico com índice de desenvolvimento saariano.
Acho que alguém tem que ensinar aos candidatos apresentados para as próximas eleições que uma coisa não é igual à outra, muito pelo contrário.
A partir do momento que temos um país como o nosso capaz de alcançar um PIB da ordem de pouco mais de UM TRILHÃO de dólares, mas de outro lado ainda observa gente morrendo nas filas dos hospitais nos quatro cantos da rosa dos ventos ou pessoas sem poder sair às ruas por conta das balas perdidas, que podemos afirmar que o Brasil está se desenvolvendo bastando, para tanto, olhar os números do PIB.
Isso é conversa para fazer manada dormir no pasto. Nunca dantes na história deste país, parafraseando Lulalá, tivemos números educacionais tão terrivelmente críticos, saúde terminal de norte a sul e no quesito segurança nossas cidades parecendo a faixa de Gaza.
Não precisa ser muito bidu para entender do que eu falo. Basta apenas fazer uma visita aleatória em qualquer hospital público para perceber que nem existe gaze, os doentes entopem corredores, restos de curativos dividindo espaço com ratos, médicos de menos e vergonha de mais.
Ou quem sabe dar um pulinho da escola publica ali na esquina para descobrir que giz não tem, professor também, plano de ensino pobre, livros didáticos escritos por pessoas analfabetas e alunos depredando tudo na base da bordoada.
Que dizer então da segurança? Tem gente sendo assaltada dentro de Delegacia de Polícia e o policial de plantão nada faz. É o cúmulo.
Falar em crescimento sim, desenvolvimento, Sras e Sres, isso não, não mesmo.
Enquanto tivermos pessoas morrendo aqui mesmo no estado mais rico da nação, crianças desoladas pela falta de assistência educacional; famílias vivendo sob a linha da pobreza absoluta, doentes apodrecendo nos fétidos hospitais públicos brasileiros, com raríssimas exceções, um povo sendo objeto de assalto, seqüestro, assassinato dentro das Delegacias, afirmar que somos desenvolvidos é irritar minha santa ignorância. Isto é pura provocação dos candidatos a presidente.
Desenvolvimento se constrói distribuindo renda com emprego e educação, não jogando dinheiro em programas para criação de uma geração parasitária com ajuda do Bolsa Família. Desenvolvimento se faz com serviços que já estão pagos na fonte com os horrorosos impostos que recolhemos.
Desenvolvimento é aluno sentado no banco da escola aprendendo matemática, geografia, ciências, português, educação moral e cívica, ética e depois freqüentar uma universidade pública de altíssima qualidade, grátis para quem não pode pagar e cara para os filhinhos de papai e, como conseqüência, formarmos profissionais dignos de nota dez.
Criar um país desenvolvido é ter um PIB social que representa o ganho que a sociedade pode verificar no decorrer do tempo com seu esforço pagando na marra tributos sobre tudo o que produz ou consome.
Por isso posso afirmar que temos um PIB até que razoável, embora o governo insista em travar nosso crescimento com juros indecentes para segurar o consumo quando o natural seria incentivar o processo produtivo transformando-o em ganho de escala. Deste PIB apreciável, de outra feita, tiramos um índice pífio de desenvolvimento que esse o que conta de fato, é esse que nos faz ficar sem medo de sair às ruas não temendo sermos assaltados ou fuzilados, ou aquele que me dá o médico quando preciso e o remédio quando necessário e o desenvolvimento que oferta aos filhos do Brasil uma educação de primeiro mundo. Correr atrás do PIB é fácil.
Os candidatos fazem isso e falam que estão no caminho do desenvolvimento.
Uma mentira tão mentirosa quanto aquela que nos contaram, anos atrás, onde deveríamos fazer o bolo crescer primeiro para dividi-lo depois.
E o povo acredita votando nos três paladinos do mesmismo que vai ter alguma chance de lograr êxito com promessas de PIB maior e coisas afins e conseguir ter suas efetivas e autênticas reivindicações atendidas. Rsrsrsrs
Quero ver peito, valentia e coragem para detonar toda essa patifaria de impostos e criar algo novo copiando modelos comprovadamente melhores e mais baratos.
Dilma, Serra e Marina nenhum deles tem esse estofo nem vontade de fazer isso.
Todos falam em fazer o PIB engordar deixando no osso o desenvolvimento que é o que queremos na verdade. Não nos serve para nada riqueza e pobreza do mesmo lado da moeda.
Lamentável um país como este, com duzentos milhões de habitantes, ser capaz de produzir uma safra tão estéril de pessoas que se apresentaram para ascender ao poder.
Será que dentre o novo povo não poderia ter surgido uma coisa menos mixuruca que Serra, Marina e Dilma?
Não tinha coisa melhor? Pobre Brasil.
Seja lá quem for que vai se sentar no “puder” a população vai amargar mais cinco ou seis anos de mais balas perdidas, pobres morrendo de fome, crianças desnutridas educacionalmente falando, faculdade vomitando profissionais que servem para matar, derrubar pontes ou chamar o Juiz de Sr. MERETRISSIMO, e do nosso bolso vazando uma conta galáctica de impostos a pagar.
Não tenho mais esperança de ver minha geração colhendo os frutos do que plantou lá atrás. Viver num país onde pendurar uma bandeira na parede e ser patriota não fosse somente para torcer em época de copa do mundo de futebol, nos sentindo sem qualquer orgulho e todos feridos pelos mesmos beócios de sempre.
Pior ainda. As promessas do próximo mandato, não importando quem vai carregar aquele enfeite de presidente no ombro, são as mesmas: manter na ionosfera as taxas de juros, cabides de emprego, falácia, fisiologismo, deixar a saúde pública se transformar em campos de concentração, a formação de alunos cada vez mais estúpidos por uma educação de farsa, sistema bancário estufando os cofres de tanto gerar lucros e uma amaldiçoada distribuição de renda que é apropriada a Bangladesh ou Suazilândia.

quarta-feira, 9 de junho de 2010














INDÚSTRIA DO ENGUIÇO

Cidadão vai até a loja de veículos comprar o carro dos sonhos. Test-drive, a esposa radiante com o novo possante, os filhos já planejando as brincadeiras dentro do veiculo, o futuro proprietário cheio de si. Ótimo. Talvez até uma viagem agendada.
Financiamento à mão e chaves no contato....Vrummmmmmmm lá vai a família em busca de aventura com o vento soprando gostoso no rosto.
Numa noite qualquer o feliz dono do carro descobre que as TVs, em rede nacional, chamam atenção para um recall do modelo do seu veículo porque uma simples peça, custando a bagatela de R$ 5,00 pode arrebentar e ocasionar falhas catastróficas. O recall foi acionado em rede de TV porque os órgãos reguladores e de defesa do consumidor pressionaram a montadora, tendo em visto histórico de horripilantes acidentes anteriores que vitimaram usuários da marca por conta de tal peça baratinha e de péssima qualidade.
Eu mesmo perdi a conta de quantas montadoras e quantos modelos foram chamados para substituir isso ou aquilo outro, sob pena do proprietário terminar com o carro e a sua família beijando o poste na esquina.
O que está havendo afinal de contas?
Isso é um mau presságio. As indústrias estão colocando produtos abaixo da crítica mínima de qualidade. Peguemos, por exemplo, a linha branca (geladeiras, fogões etc).
Antigamente as geladeiras duravam décadas, bem como fogões e máquinas de lavar. Hoje são produtos absolutamente descartáveis, frágeis, com uma montanha de peças de plástico que entortam, deformam ou quebram sob condições normais de uso.
Na contra mão da massificação, as empresas proclamam na mídia que se preocupam com o meio ambiente, muitas delas com certificados internacionais, mas na verdade estão contribuindo para encher o planeta com lixo plástico em velocidade terminal destruindo nosso meio ambiente.
O que polui mais dez refrigeradores feitos “nas coxas” e todos de plástico ou uma indestrutível geladeira que antigamente era de chapa de aço capaz de durar gerações?
Fui testemunha na minha casa de uma geladeira americana GE que durou mais de cinqüenta anos, isso mesmo cinqüenta anos.
As de hoje são frágeis quebrando logo que entram em uso. Depois para arrumar o equipamento o consumidor entra em contato com os martirizantes serviços de assistência técnica que roubam horrores para trocar uma peça miúda de “prástico”.
Recentemente, um amigo meu estava numa dessas lojas de departamentos, ficou admirando uma máquina de lavar roupas última geração. Muitos badulaques inúteis como cronômetro e aviso sonoro para avisar a dona de casa que a máquina terminou o ciclo. Por incrível que pareça a máquina foi colocada para simular uma lavada com apenas metade da carga dentro da própria loja quando veio a surpresa de perceber que a lavadora quebrou logo no primeiro serviço.
Os vendedores correram disfarçar, mas já era tarde. A mpaquina era realmente uma grande porcaria lindíssima de morrer de uma marca super conhecida do público em geral.
Vão lá também absolutamente descartáveis os ventiladores. Comprei um recentemente e percebi que o eixo da hélice estava desregulado causando vibrações indesejáveis. Sem conserto. Nem reclamei porque a empresa fabricante alegaria que fora mau uso etc e tal.
Ou então ficaria de romaria em romaria percorrendo assistências técnicas sendo feito de palhaço. O castigo virá quando eu precisar de outro ventilador. Claro que comprarei o da concorrência.
Os carros são a bola da vez em termos de má qualidade. A pressa de vender modelos novos faz com que a indústria automobilística comprometa seriamente os quesitos de segurança adotando peças mais fracas e fora dos padrões.
Danem-se os usuários se no meio do caminho morrerem por usarem carroças ambulantes sujeitas a desmontarem no primeiro solavanco.
Frisos soltos, buchas sem alinhamento adequado, peças de segurança absolutamente perigosas, motores sem regulagem, barulhos insuportáveis em carrocerias novíssimas e a coleção de imperfeições segue quilométrica.
Alguns modelos fabricados no Brasil já tiveram três recalls consecutivos. Fico imaginando o tamanho dos narizes dos consumidores fazendo a via sacra de se apresentarem às concessionárias para consertar presilhas e arruelas capazes de fazer o veiculo se desintegrar e matar todos a bordo.
Os órgãos de defesa do consumidor e de fiscalização pouco ou nada podem fazer frente a onda criminosa de produtos picaretas vendidos e a força do lobby das empresas e setores industriais. As montadoras, por exemplo, mandam em parte do país e ponto final. Elas podem matar e nunca veremos ninguém atrás dos ferros pagando a pena por fabricar veículos assassinos que levam com todo conforto as famílias para o céu ou para o inferno, se aqui ficarem com seqüelas dos acidentes pavorosos que sofreram.
O governo não dá a mínima. Arrecada uma fortuna em impostos cada vez mais parecidos com seqüestro de bens. Quanto mais a picaretagem imperar mais os cofres se enchem de dinheiro e segue tudo como se nada tivesse acontecido.
Outro setor que comete crimes contra o consumidor é a indústria moveleira. Camas que não agüentam o peso do gato da família, móveis feitos de material ordinário que as indústrias proclamam ser madeira de lei (simplesmente uma casquinha de madeira de lei em cima de compensado ou aglomerado que é um processo que aproveita restos de serraria: lascas, pós de serra).
Armários de cozinha cujas laminas de aço são mais finas que papel alumínio, mesas tortas e com desequilíbrios de montagem. Na hora de comprar um mar de rosas à frente, sorridentes vendedores falantes, facilidade no pagamento em prestações para durar a eternidade, cafezinho e muita bajulação. Na hora de entregar.....Ah ai o bicho pega.
O vale de lágrimas do consumidor começa nesse ponto e vai até a centésima visita da empresa montadora para acertar a montagem que fica sempre a desejar.
Outro desafio mortal. Qualquer móvel de aço ou madeira, uma vez desmontado por motivo de mudança da família para outro endereço, nem o fabricante consegue mais colocar o produto em ordem para uso. Morte súbita. Irreversível.
Nem mesmo artigos de luxo escapam. Vide o caso da Daslu em SP. Vendia contrabando e itens falsificados. Continua aberta por incrível que pareça.
O único serviço realmente confiável no Brasil chama-se jogo do bicho. Mais honesto que esse não tem. A pule premiada é paga religiosamente em dinheiro, não falha nunca.