JORNAL PENA LIVRE
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domingo, 6 de fevereiro de 2011
AS VELAS DO MUCURIPE
As velas do Mucuripe
Vão sair para pescar
Vão levar as minhas mágoas
Pras águas fundas do mar
Hoje à noite namorar
Sem ter medo da saudade
Sem vontade de casar
Composição Belchior e Fagner.
Pego carona nessa linda canção para aqui exortar a atual situação de nosso sistema elétrico brasileiro que agora vive em soluços nos dando de presentes uma série de apagões.
A vela do mucuripe acaba sendo uma paródia à vela de iluminar feita de parafina que é um item que entrou no cotidiano na lista de compras domésticas. Aproveitada também nas horas vagas para fazer uma fé aos céus rezando para dias melhores sem escuridão.
Dias estes que não virão na atual balada do sistema elétrico brasileiro e as petulantes incompetências, a começar do nosso pitoresco ministro das minas e energia, Edson Lobão.
Sabidamente o gajo é tão menos conhecedor de energia elétrica do que minha samambaia e é proprietário de uma postura consistente com um outro cargo onde talvez mostrasse serviço como um bilheteiro de cinema (se souber fazer contas, claro) ou lanterninha.
Levantando vôo numa panorâmica pelo Brasil afora vamos constatar facilmente problemas graves no sistema elétrico brasileiro. Há se considerar dois cenários distintos: produção de energia e distribuição.
A produção até que vai de vento em popa. Nada de saímos em desfile de escola de samba e apontar que nesse quesito estamos bem na foto.
Nada disso.
O sistema de geração trabalha no fio da navalha desde 1989 quando nossa política energética sofreu abalos sísmicos, cujos estragos jamais foram consertados. A malha industrial de geração energética conta com suporte de inúmeras centrais movidas a combustível mineral para repor déficits quando a temporada das chuvas acaba não enchendo os reservatórios das usinas hidroelétricas.
Isso acaba sendo horrível para o aquecimento global dada a quantidade de dióxido de carbono produzido por termoelétricas.
A Brasil recebe uma das maiores cargas solares de todos os países do mundo. Esta energia não é aproveitada para micro geração doméstica porque a tecnologia ainda é cara e nunca contou com subsídios governamentais para uma política agressiva nesse sentido, ainda mais levando-se em conta o vilão doméstico do consumo: o chuveiro elétrico.
Energia eólica também é experimental no Brasilo e o governo dá de ombros aos estudos do desenvolvimento nessa área energética. Os países baixos fazem atualmente na Europa a mais notável e agressiva política no aproveitamento dos ventos, um exemplo que deveria ser seguido.
O grande problema energético no Brasil é a distribuição. É aqui que nosso vôo vai dar uma paradinha para pegar uma lupa.
Faz tempo que a distribuição é o tendão de Aquiles do sistema. Nunca mais recebeu atenção governamental, as distribuidoras são redutos eleitorais cuja competência não é técnica, mas política. Essas empresas são a cabidaria de empregos dos escalões intermediários da velha politicalha canibal brasileira.
Elas não estão para distribuir energia e sim cargos polpudos com salários siderais.
Isso é que provoca apagão.
São Pedro, coitado, leva a culpa toda vez. O raio caiu aqui ou acolá e interrompeu o fornecimento num ponto A, aí o sistema desligou-se para segurança.
O papo é o mesmo desde 5.000 AC.
Edson Lobão, quando chamado para explicar o que houve, esconde-se em infantis comentários geralmente cândidos e sem qualquer conhecimento prévio da cadeia de eventos que originou o apagão.
O nosso Ogro comandante do Ministério de Minas e Energia é especialista na relação carnal entre ele e o clã Sarney, mas neca de pitibiriba de saber que pelo menos se enfiando o dedo na tomada dá choque. Em outras palavras o homem nunca entendeu e nunca entenderá nada do sistema energético brasileiro. Há cientistas debruçados em escarafunchar todas as nuances do rolo de fios, centrais, subestações sem conseguir, ao menos, enxergar uma luzinha sequer.
Alías, pegando carona num desvio aqui para mencionar a falcatrua monstruosa da mudança recentemente ocorrida em nosso padrão de tomadas elétricas.
Criou-se um Frankstein elétrico totalmente incompatível com qualquer sistema na face da terra. Estrangeiros que aqui viajam reportam a incapacidade de utilizar seus aparelhos portáteis elétricos cujas tomadas não se encaixam nem com dispositivos duplos.
A lupa aponta esse como o mais gritante e feroz assalto aos nossos bolsos com o sisteminha que foi feito mesmo para engordar cofres das empresas que produzem os monstrinhos que agora somos forçados a comprar.
Uma inexplicável relação carnal e incestuosa entre o poder público e os interesses privados criando um mercado imediato através de uma canetada criminosa e irresponsável.
Taí uma ótima oportunidade para investigar de onde surgiram as pressões para mudar um sistema de tomadas que vinha sendo usado com êxito e com segurança.
A distribuição brasileira de energia é um ser com necessidades especiais. Está tetraplégico, inclusive a cabeça.
As linhas físicas (fios e cabos) são jurássicas, enferrujadas, desgastadas e com manutenção zero. As concessionárias cobram do nosso bolso uma conta temperada com malagueta para nos dar o escuro como contrapartida ou um fornecimento de vaga lume. (Eletrobrás ou Vagalumebras?)
Elas escaparam todas de pagar o que nos devem pela cobrança ilegal de reajustes além da conta desde 2003, mas a Eletrobrás perdoou as empresas que deveriam agora usar o que nos roubaram e consertar suas malhas com espinhela caída.
As centrais de distribuição (subestações) são outro ponto de análise.
Mal projetadas, sem proteção para raios e outras manifestações meteorológicas, conduites estragados, transformadores completamente tomados por ferrugem, esse é o cenário normal em qualquer subestação que podemos encontrar pela frente. Basta olhar detidamente.
O que as concessionárias fazem com zilhões de reais que nos cobram em cada conta? Que política, exceto empregar VIPS dos escalões superiores, elas têm para manutenção do parque distributivo elétrico?
Quem tem poder sobre essas empresas monstros?
Ninguém responde por nada muito menos Edson Lobão que tem o compromisso apenas e tão somente de canibalismo político a custa da nossa luz.
Os prejuízos são incontáveis em apagões como esse que colocou a pique o nordeste brasileiro. Hospitais em estado de nocaute, sistemas de refrigeração comprometidos como em supermercados, perdas de aparelhos elétricos pela sobrecarga excessiva no religamento da energia e vai por ai afora.
A coisa está se transformando num godzila perigoso e venenoso.
O jeito é mesmo comprarmos um bom estoque de velas de parafina, deixarmos o mínimo de produtos na geladeira e sempre ter o bojão cheio de gás para aquecer água para nosso banho.
Do jeito que a coisa caminha para trás nada me convence ao contrário, mas estamos num processo de haitização aqui no Brasil é isso?
No setor elétrico pelo menos sim.
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