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sexta-feira, 8 de abril de 2011

QUEM APERTOU ESSE GATILHO?

















ALGUEM APERTOU ESSE GATILHO?

O Brasil acabou de entrar na era da globalização. O caso da matança de crianças no Rio de Janeiro por um jovem maluco imitando crimes como das escolas americanas de Columbine (1999) e de Virginia Tech (2007) abre espaço para nosso País figurar na lista de lugares onde se pratica o tiro ao alvo, geralmente com crianças inocentes.
Desta vez, o sujeito de nome Wellington Oliveira, munido de dois revolveres de grosso calibre entrou na escola onde já havia estudado para trucidar alunos em suas próprias salas de aula numa sessão de matança selvagem.
Motivo: vários. Porque se julgava feio, patético, apático e porque nunca conseguiu namorar nenhuma menina.
Logo depois o cidadão meteu uma bala na boca, suicidando-se, deixando uma carta escrita com tinta religiosa num esboço sádico, premeditado do que é capaz uma mente frágil atormentada por desocupação pura e, quem sabe, movida a toneladas de drogas pesadas.
Antes de sair para a caça na escolinha do bairro de Realengo no Rio de Janeiro, colocou fogo em seu computador e destruiu toda a mobília e aparelhos elétricos da casa onde morava.
O desfecho não poderia ser pior. 12 mortes imediatas e sabemos lá quantas mais adiante.
Wellington deflagrou 60 projéteis e atirava com os dois revolveres ao mesmo tempo cena repetida à exaustão em filmes farwest antigos.
Quero aqui dizer que o crime dele tem colaboradores e muitos. Tem gente que apertou o gatilho juntamente com o assassino suicida.
A começar da imbecil sociedade brasileira que votou algum tempo atrás no plebiscito para que o comércio e a fabricação de armas continuasse a todo vapor. Deu no que deu.
Quem votou a favor de termos armas na rua é tão culpado quanto ele.
Talvez até um dos pais dessas famílias enlutadas tenha votado daquela forma, quem sabe. Agora resta uma dor e uma consciência para lá de pesada.
A mídia seja lá de qual forma, também apertou o gatilho trágico com Wellington. Sempre disposta a patrocinar cobertura ininterrupta e de forma cinematográfica para ficar com a audiência no pico no famoso “o céu é o limite” apelando para o sensacionalismo.
Sabidamente degenerados da natureza de Wellington e outros tantos massacres já ocorridos tiveram uma bela injeção de adrenalina da mídia que faz carnaval e dá os quinze minutos da fama para elementos assassinos, mesmo que pós mortem.
A terceira entidade que usou do gatilho de Realengo foi o Estado, digo o município do Rio de Janeiro, o Estado em si do Rio e o País como um todo.
O governo não tem coragem de barrar as armas porque tem gente que ganha muito na logística do tráfico internacional de armas.
Não tem peito para fechar as fronteiras ao crime de comercialização de armas porque está comprometido até o talo com o crime. Todo mundo ganha um pouco. Então para que se preocupar não?
Algumas mortes assim são baixas de guerra.
A ausência do Estado é crime inafiançável e tivéssemos uma justiça aqui digna, honrada, preocupada com o bem estar do cidadão e não com questões que a levou a desprezar o trabalho da PF na Operação Castelo de Areia deixando livres os quadrilheiros talvez, quem sabe, não assistiríamos o Estado pagar sua pena de forma integral, sem direito à liberdade condicional?
Enquanto tivermos no Brasil cidadãos como o nobre Sr. Marcio Thomas Bastos que ousa comemorar esse tipo de coisa defendendo, como advogado, uma toda poderosa construtora manjadíssima em atos de corrupção, haveríamos de ter um Brasil com “B” maiúsculo.
A velha vitória do cinismo, da bestialização da nossa justiça que se vende por trocados e que prefere adoçar a boca do crime ao invés de proteger a sociedade que paga vultosos salários para ser traída.
Diz o STJ que a decisão baseou-se numa denúncia anônima e invalidou todo um árduo trabalho, alías digno da Scotland Yard ou FBI/CIA realizado pela PF brasileira.
O executivo dá de ombros dizendo que é um problema de fronteira o tráfico de armas como se a fronteira fosse apenas dos nossos vizinhos e a nossa virtual.
É preciso mobilização da sociedade paquidermicamente mofada com tanto descaso. Vamos para um segundo plebiscito e com isso interromper a alimentação do crime armado.
Vamos fechar as fábricas de armas e colocar no lugar delas mais bancos de escola ou demoli-las para dar espaço a mais trigo ou arroz no chão.
Sociedade hipócrita não merece compaixão como a nossa. Agora chora condoída com a dor das famílias dos estudantes mortos, mas que deixa uma arma em cima do armário pronta para matar o vizinho caso ele faça barulho à noite.
O Estado tem que se mover para dar cabo da honradez de suas obrigações pátrias e não nos envergonhar com a palidez de atitudes frente às milhares de famílias brasileiras em luto por tantas mortes com arma de fogo.
O Congresso tem que colocar de lado um pouco a arte da roubalheira e pelo menos deixar para gerações futuras o presente de uma lei que dê um basta em tanto maluco carregando armas sem saber usa-las ou usando-as para matar gente inocente.
Enfim, a educação. Ela deve ser o amalgama que enobrecerá o futuro do Brasil se um dia quisermos ser um país sério.
Não precisamos de armas, mas sim de mais giz e lousa, mais professores ganhando bem e pais mais propensos a educar suas crianças com menos símbolos de violência.
Parabéns, portanto, aos co-autores do crime de Realengo. Durmam com essa.




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Magno Almeida Lopes, escritor e jornalista free-lancer, administrador de empresas com habilitação em negócios internacionais, tecnólogo de obras e solos, engenheiro de rede Lan, membro efetivo da academia Piracicabana de letras, MBA em comércio exterior. Piracicaba (SP), 8 de abril de 2011. email: lopesmagno@gmail.com

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