Mamãe quero vender
minha virgindade
Vendo minha virgindade. Preço de ocasião.
Condições a combinar, tratar neste telefone. Ah, por favor, deixar currículo vitae
para análise, pagamento somente em dólar em espécie. Nada de cheque ou
promissórias.
Uma mulher, cujo nome não vem ao caso e não
estou aqui para fazer propaganda da ex-futura virgem, nesta semana leiloou sua
virgindade pela bagatela de US 780.000,00, algo em torno de R$ 1.500.000,00, uma bela
quantia que um japonês que também não vem ao caso, ofertou como lance vencedor.
A “dervirninação” vai acontecer num dia
qualquer entre hoje e o final do ano. O japonês sortudo ou azarado, não sei, vai
consumir seu lance em uma única vez e torcer para que não dê nada errado como
uma ereção frustrada ou uma ejaculação precoce.
Nesse caso não haveria reembolso caso viesse
acontecer uma tragédia desse tipo.
Evidente que o japonês vai usar cinco
camisinhas uma em cima da outra para garantir que a moçoila não fique grávida
do japa sem querer. Isso iria custar aos bolsos do rapaz mais uns bons dólares
verdinhos.
Moral à parte tá pessoal? Isso é apenas uma
questão semântica e um assunto geográfico o que aqui parece ser um escândalo ali
na esquina vira festa do boi bumbá.
Evidente que a moça do leilão poderia até
conseguir a mesma grana, mas iria trabalhar a eternidade cuidando de velhinhos
no hospital ou empacotando presentes nas casas Bahia.
Iria ter que cortar uma rama durante séculos.
Agora com uma sacudidela do seu quadril, alias bem magrinho por sinal vai poder
aplicar sua grana nas ilhas Jersey sob a supervisão de Paulo Maluf, o homem do
não sabia de nada.
Os holofotes caíram sobre a moça. No mínimo vai
ser recomendada para a capa da revista Playboy e faturar mais uma montanha de
verdinhas encerrando sua carreira.
Claro, ela dedicará alguns centavos para criar
uma ONG para cuidar dos patinhos feios da lagoa da Conceição ou proteger a
fauna da serra da Pitanga.
Virou moda nesse país o cara faturar um horror
de dinheiro chutando uma bola de borracha nos campos do Brasil, aparecendo no
Big Brother cuja edição de 2013 está no forno criando mais um despiste para a nossa
estupenda ignorância congênita.
Estou farto disso. Gasto tubos de dinheiro me
atualizando, lendo centenas de livros e até lista telefônica para ficar
informado para que?
Queria eu ter nascido loura burra e forrar meus
cofres vendendo minha virgindade para um japa qualquer cheio da nota ou
aparecer no Faustão rebolando o tchan, é assim que se ganha dinheiro no Brasil.
Estudar para quê? Precisamos mais de traseiros
enormes na mesma proporção de um cérebro de mosca para empurrar a bola para o
gol.
O resultado é prático. Professores ganhando
salários somalianos, médicos operando a troco de um prato com arroz e feijão,
engenheiro vivendo com sua família com salário de R$ 1.300,00 em Nova Brasilândia
e os políticos transformando tudo num circo faturando mensalões de dinheiro e
sabe o que vai acontecer depois da encenação do Supremo?
Nada só tapinhas nas costas e orégano para
temperar.
Estou cada dia mais envergonhado de viver por
aqui onde uma bunda pode conquistar a vida mansa do paraíso para sempre sem que
uma gota de suor caia-lhe o rosto.
Vender virgindade não é nada. Cada um vende o
que quer e cada um compra o que puder.
O problema é o conceito atrás disso. Ninguém
mais quer pegar na enxada e arrancar a próxima minhoca.
O Fantástico da TV Globo lançou um concurso
para a modelo XYZ que vai ganhar milhões para vestir essa e aquela grife.
Foram milhões gastos com staff, ônibus,
maquiagem, produção, roupas, refeições para eleger uma magricelinha sem graça
para servir de cabide.
Famílias foram vistas empenhando as joias da
coroa para a menininha faturar no horário nobre mostrando suas perninhas de
grilo falante e rebolado de “quenga”.
Estudar para quê não se aqui um infeliz
assinando um X apenas pode virar presidente!
Estudei tanto e fiquei milhares de horas
sentado num banco de escola ou universidade que meu quadril ficou gasto,
investi tudo o que tinha e não tinha, dormindo mal, sonolento nas aulas afora, finais
de semana perdidos e hoje ganho em dez anos o que a mocinha que vendeu sua
virgindade vai ganhar num gemido.
Acreditei que seria possível vencer pela competência
e conhecimento. Não me serviu para nada apenas para acordar me sentindo um
completo otário. Deveria ter gasto tudo o que investi fazendo jogo do bicho ou
montando uma boate tipo inferninho vendendo pinga da Vila Maria.
Certamente teria hoje uma casa em Boca Raton,
EUA.
Enquanto nós brasileiros estivermos plantando
mediocridade e uma voraz vontade de viver sem fazer esforço chupando o sangue
dos outros, fazendo macaquices e achando que se vive no paraíso tropical
construiremos um futuro digno de chutar latas na rua e catar papel para vender
a quilo.
Já dizia o velho Pasquim....salve a bunda....a cara
do Brasil.