O SANTINHO QUE MATA
O
descalabro de uma atitude isolacionista, despida de qualquer caráter e
humanidade, determinantemente irresponsável, sabidamente um crime analisável
sob vários aspectos: código penal, código ambiental, acaba por ceifar a vida de
uma pessoa inocente.
Numa
sessão eleitoral na cidade de Bauru uma velha senhora escorregou nas toneladas
de “santinhos” que estavam espalhadas pelas calçadas. Vítima de algumas doenças
já pré-existentes, ela sofreu traumatismo na bacia o que acabou por determinar
sua morte precocemente.
Cumpriu
seu dever eleitoral e a democracia pagou seu mais alto tributo possível com a
perda de uma pessoa que era filha de alguém, mãe dos seus filhos, possivelmente
uma dona de casa exemplar.
Pelo
Brasil inteiro a cena se repetiu. Centenas de pessoas se machucaram com
fraturas múltiplas, principalmente nos membros inferiores escorregando na
emporcalhada democracia livre onde todo mundo faz o que dá na telha.
A
lei. Ora a lei. Escorregou e morreu. Que há de se fazer? Lamentável acidente.
Quem sabe se a velha senhora não estivesse tricotando ao invés de sair votar no
Zé Ruela da Silva estaria ganhando mais.
Quem
sabe até se o fatídico “santinho” que a vitimou não tinha o retrato do Zé Ruela,
exatamente para quem ela ia dar ser voto?
Morte
estúpida.
A velha máxima de espalhar no dia da eleição e sempre na calada
da noite toneladas de propaganda eleitoral nunca deu prisão para ninguém, nem
para famigerados cabos eleitorais ou os próprios candidatos. Nunca um(a)
candidato(a) foi chamado(a) a limpar toda sua sujeira ou pagar, quem diria, a
morte de uma eleitora idosa.
A justiça eleitoral pune severamente quem deixa a propaganda fora
do horário permitido pela cidade naqueles ridículos tripés com fotos horríveis
e agora com nomes pitorescos e “apalhaçados”.
A justiça eleitoral pune quem fala no microfone de uma rádio
fora do que o TSE determina, pune quem se aproveita de uma festinha com alguém
importante para faturar uns votos mais fáceis.
Nenhuma dessas penalidades implicaria colocar a vida de alguém
em risco.
No máximo poderíamos ficar surdos com as motos passando na rua
tocando as infernais marchinhas medonhamente mal escritas ao som de músicas do
é o Tchan ou do grupo Calcinha Preta.
O “santinho” desta vez virou “diabinho”. A lei acabaria por
escorregar na papelada toda.
Os diabinhos foram tantos que pessoas caíram ao chão tentando
praticar uma democracia que aqui no Brasil não é aquelas coisas.
A começar da obrigatoriedade de sair de casa para ter que votar
em psicopatas, malucos beleza, Tia do Boteco, Zé da Mula, alguns assassinos e
outros tantos com “capivaras” (cadastro criminal - histórico) puxadas em
quilômetros.
O ficha limpa deveria englobar o conceito de candidato(a) politicamente
correto(a) quanto aos conceitos de meio ambiente e higiene, além de não estar
devendo na justiça respondendo por crimes, alguns ate hediondos, como um certo
candidato em Rondônia que matava seus desafetos na base da serra elétrica.
(idos dos anos 90).
A verdadeira sorte foi que estamos em meio a uma severa seca tomando
conta do Brasil inteiro. Se as chuvas de março caíssem por agora as cidades
seriam afogadas por conta de todos os seus bueiros entupidos com tanta
porcariada eleitoral.
Sorte mesmo.
Mas, agora centenas de pessoas estão com talas nas pernas, gesso
nos quadris, curativos em todos os arranhões e algumas vestidas com seu eterno
paletó de madeira.
Quem pagará?
Quem será o responsável?
Quem trará mais orégano para essa pizza?
Que democracia é essa de urna super moderna, rapidíssima com
digital do eleitor e de outro lado uma legislação
que permite matar por tabela?
Em Bauru TODOS os candidatos deveriam pagar pelo crime da velha
senhora e muito mais. Pagar pela limpeza e a reciclagem de sua propaganda
perigosa e bastante idiota no tocante ao conteúdo, diga-se de passagem.
Que tal começar o TSE abrir iniciativa e proibir, já para as
próximas eleições, de qualquer candidato imprimir panfletos, “santinhos” e
diabinhos. Seria um ótimo começo ao invés de gastar um dinheiro pesado apregoando
em cadeia nacional que “as eleições transcorreram num clima de tranquilidade”, “foi
tudo dentro do normal” inclusive matar velhinhas.
Democracia assim é melhor não ter.
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