A
COXINHA DA REVOLTA
Coxinha de frango fresca e crocante.
Quem não gosta não? Essa iguaria tem origem no século XIX na grande São Paulo à
época da grande industrialização.
Para quem não sabe o delicioso
salgadinho é feito de massa de batata depois se passa na farinha de rosca e é
frita em óleo bem quente. Experimentem.
Claro que este texto não vai ser
devotado à culinária. Bem que eu queria, ao invés de falar das mazelas
brasileiras, conversar sobre comida, sobremesa e bebida.
O fantástico salgadinho a que me
refiro não é feito de batatas, mas de um cartão plástico, com tarja magnética e
recebe o nome de bolsa família que eu carinhosamente apelidei de vale coxinha.
O vale não foi invenção do partido
dos trabalhadores. Maldosamente a agremiação tomou posse de sua receita feita
ainda na época do governo de Fernando Henrique Cardoso, portanto o PSDB.
O pai Fernando não sabia que estaria
criando um divisor de águas.
Há alguns que correm defender a
distribuição de dinheiro desta forma como atendendo a uma ideia de dividir
riquezas.
Nesta semana, não se sabe de onde, um
boato começou a circular que a bolsa iria acabar. Foi o estouro da boiada no
pasto.
Milhões de pessoas saíram se
pisoteando e passando uma em cima das outras para disputar uma vaga na fila do
banco para receber e iguaria, digo a verba da coxinha.
Mais se pareceu a mim um filme da
grande escapada de Saigon no final da Guerra do Vietnã.
Os bancos ficaram absolutamente
entupidos de gente querendo sacar a grana e o tumulto foi geral. Foram comuns
agências com quase tudo quebrado com a horda triturando o que havia pelo
caminho em busca das moedas.
Triste. Uma cena de inferno de Dante.
Escrevi há muito tempo atrás que um
dos piores males brasileiros foi criado no bojo dessa ideia da famigerada bolsa
família, que na verdade, busca distribuir riqueza de uma forma totalmente
ineficaz e estúpida.
Cria-se uma geração de parasitas de
fato e de direito. O pasasitarismo é fomentado no momento em que nada se exige
em contrapartida.
Dá-se a grana para gastos livres.
Não muitos os casos o pessoal gasta o
dinheiro na primeira mercearia da esquina comprando pinga e cigarros como eu já
vi várias vezes. Relatos de muitas pessoas dão conta que o vale coxinha é de
fato um máximo acelerador de partículas quando o assunto é álcool e fumo.
Num país onde o consumo de cachaça é
maior que leite de vaca dá para imaginar a festança do boi que é a data da
liberação dos pagamentos. Os bares e botecos agradecem.
Conheci uma comunidade pobre de
Piracicaba, o bairro Ondinhas algum tempo atrás.
Percebi no local que um frenesi toma
conta das comunidades quando o assunto é gastar a bolsa família. O papo
corrente é quanto daria para comprar em cigarros e bebidas.
Lamentável.
O governo distribui pão e dá-lhe
circo ao invés de distribuir vale cultura, vale segurança, vale saúde e vale
vergonha na cara.
Afirmei aqui várias vezes que o povo
só se revoltaria de fato com o fim da mamata dos vale isso e aquilo ou quando
faltasse força no meio do show de horrores chamado Big Brother Brasil, o BBB.
Faltou pouco para uma convulsão
civil.
O governo paquidérmico demorou uma
eternidade para acordar para a boataria do fim dos vales coxinha. Qualquer
moleque que estivesse no ar nas odiosas redes sociais perceberia o zum zum zum
que o governo só percebeu quando tinha virado pandemônio.
O PT ferozmente culpou de imediato a
oposição. Teve ministra apontando o dedo para os partidos que não recitam o amém
palaciano. O circo Veneno e Dalila viraria, então, para um show pirotécnico
completo, fora dos palácios o povo foi no braço tentar sacar o dinheiro,
enquanto as autoridades se esbofeteavam tentando achar um Judas.
Que vergonha!
Jamais imaginei ver Saigon ao vivo na
TV.
O parasitismo do vale coxinha cede
lugar ao completo estado de torpor em que o povo se encontra narcotizado pelo crime
organizado que atira somente para ver cair a vítima, paralisado pelo
atendimento de campo de concentração nos hospitais públicos, anestesiado pela
totalidade de falta de perspectiva educacional e um futuro de hordas dispersas
querendo ser povo.
Tive medo de ver a coisa sair de
controle e alcançar as ruas, foi perto demais de uma carnificina.
Exagero?
Tente tirar a raiz que sustenta a
planta parasita para ver que até a árvore hospedeira poder morrer.
O vale cozinha está seguro enquanto
houver interesse em mantê-lo para conseguir voto em troco de um salgadinho
frito.
O mundo está cheio de boas intenções,
bem como o inferno.
O povo vive neste inferno e parece
gostar vai fazer o que não?
O dia em que alguém inventar a
distribuição de vale coxinha através de educação e a criação de um fenômeno de
autodesenvolvimento individual ai sim não teria mais vontade de me mudar para
Tokelau. (Nova Zelândia).
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