JORNAL PENA LIVRE

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segunda-feira, 29 de julho de 2013

ADEUS PAPA, ALÔ BRASIL



Legal, bacana, simplesmente o máximo. A jornada mundial da juventude acabou-se ontem, dia 28/07/2013  com a ida do Papa para sua casa no Vaticano.
O Brasil ficou em suspenso curtindo as aventuras do sumo pontífice Francisco em solo brasileiro. Enquanto isso os velhos “pobremas” continuam sob a benção papal e agravados pela total inércia nesses dias de peregrinações.
O governador do Rio de Janeiro aproveitou para fazer das suas macaquices e tascou logo uma série de feriados com a desculpa de que se expediente houvesse como qualquer dia normal seria tanto pior para a cidade com seus eternos descaminhos do tráfego engarrafado, falta de infraestrutura para lidar com tantos visitantes ao mesmo tempo na cidade maravilhosa.
O governador do Rio ainda contaria ainda mais uma piada de salão ao tentar levar uma das apresentações religiosas para uma área de mangue conhecida na cidade pelos seus alagamentos. Após um caminhão pipa de dinheiro sua ideia, claro, naufragou como o Titanic nas águas de março que insistiram em cair na capital carioca na época da visita do papa. Foram mais de 10 milhões que o jovem comandante do estado moeu na farra santa e tudo virou um mar de lama grudenta e com uma tintura digna de qualquer aquarela.
Sobrou para a praia de Copacabana receber o serpenteado dos milhões de peregrinos que se acotovelaram para enxergar a missa divina.
Foi tudo lindo, tudo divino.
Uma ova que foi.
A prefeitura do Rio de Janeiro se esqueceu de que milhões de pessoas reunidas boa parte delas em algum momento do dia iria precisar ir ao banheiro não?
Pois é. Não havia banheiros em situação de atendimento pleno.
Os que funcionavam precariamente o cidadão tinha que enfrentar uma fila de mais de duas horas, isso se a bexiga do pessoal e os intestinos fossem obedientes.
Não foram poucos os porteiros de prédios nas imediações que com dó liberaram alguns banheiros para uso dos peregrinos. Comida de menos, bebidas de menos também e, evidente, transporte minúsculo para tão grande massa de pessoas.
A sorte favorece aos mais bem preparados ou aos mais incompetentes, não sei. Neste caso a sorte foi grandiosa em levar paz e tranquilidade às pessoas que queriam retornar às suas casas não havendo tumultos nem corre corre. Sorte imensa talvez pedida em orações pelo Papa Francisco.
De outra feita teria sido calamitoso milhões de pessoas querendo chegar ao mesmo tempo nos seus destinos. Talvez tivesse havido até mortes pelo caminho.
Vou repetir....muita sorte, sorte grande.
A zona sul do Rio de Janeiro é um elemento estrangulador da cidade maravilhosa. É o final de um funil de acesso de difícil escoamento. Milhões de pessoas entram, mas não conseguem sair com facilidade.
Graças a Deus o Papa foi embora. A juventude dessa jornada poderá voltar aos seus afazeres cotidianos que nada tem a ver com o idealismo pregado nessa junção de pessoas e pregação.
Os jovens poderão voltar ao seu eterno desconhecimento das coisas e causas que lhe é peculiar.
No dia a dia o que vale mesmo é a distração das baladas, do celular, das redes sociais pouco ou nada mudará no mapa o fato do Rio ter recebido esse evento. Foi bom para a fatia econômica do turismo creio eu e apenas isso.
A consciência da jornada requeria unicidade, amplo conhecimento do meio em que vivemos, dos problemas sociais, educacionais, de um artefato de politização individual. Foi bom para integrar as pessoas, mas péssimo para apresentar nortes que podemos seguir.
A igreja está preocupada com alguns números que veio buscar reverter por aqui: diminuir a sangria de fiéis e de grana para outras facções religiosas, notadamente as evangélicas. Veio buscar uma espécie de absolvição coletiva por tantos crimes financeiros dentro da Igreja católica e tantos casos de pedofilia prometendo não mais dar de ombros e acobertar seus integrantes frente aos crimes verificados ultimamente.
Prova é que o Vaticano foi buscar um papa reformeiro para tocar o papado e a Igreja, um prefrentex como se dizia nos anos 70 do século passado. Um Papa capaz de falar sem rodeios e sem se esconder atrás de firulas vaticanianas e sermões inócuos.
O Brasil está com cara de idiota após o voo do Papa de volta à Itália, mais que procurar mudar alguma coisa com a juventude precisamos voltar ao velho apito e passeatas nas ruas, pois os políticos correram entrar em férias e do mundo que prometeram nada aconteceu, exceto reservarem suas vagas em resorts para acomodar seu cansaço de tanto trabalhar pela coletividade.
A saúde marca somália se junta a uma educação etíope, um governo taitiano e um povo bangladeshiano nos resume de fato em poucas palavras.
A fé demonstrada aos montes na jornada mundial da juventude não nos serve para resolver os eternos problemas que a todos nos vitima.
Quem sabe uma cruzada contra a vergonha de ficarmos calados, uma jornada local de moralidade, uma epopeia épica para a ética.
Só um dado para comparar.
Em 2012 o Brasil estava na sexta posição dentre os países mais ricos do mundo à frente do Canadá, décimo segundo, por exemplo.
O PIB brasileiro alcança 2,6 trilhões de dólares o Canadá pouco mais de 1,4 trilhão.
A comparação termina ai.
Se compararmos saúde, educação, segurança ficando só nesses três itens desabamos para ficarmos no patamar de países subsaarianos.
Isso revela que não é falta de dinheiro, mas falta de governo e de um povo que tenha um pouco mais de vergonha na cara de receber com festa e circunstância o Papa, enquanto gente morria no chão dos hospitais brasileiros chutados de uma ambulância para outra.
Que país é esse?










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