ADEUS
PAPA, ALÔ BRASIL
Legal, bacana, simplesmente o máximo. A
jornada mundial da juventude acabou-se ontem, dia 28/07/2013 com a ida do Papa para sua casa no Vaticano.
O Brasil ficou em suspenso curtindo as
aventuras do sumo pontífice Francisco em solo brasileiro. Enquanto isso os
velhos “pobremas” continuam sob a benção papal e agravados pela total inércia nesses
dias de peregrinações.
O governador do Rio de Janeiro aproveitou
para fazer das suas macaquices e tascou logo uma série de feriados com a
desculpa de que se expediente houvesse como qualquer dia normal seria tanto
pior para a cidade com seus eternos descaminhos do tráfego engarrafado, falta
de infraestrutura para lidar com tantos visitantes ao mesmo tempo na cidade
maravilhosa.
O governador do Rio ainda contaria ainda
mais uma piada de salão ao tentar levar uma das apresentações religiosas para
uma área de mangue conhecida na cidade pelos seus alagamentos. Após um caminhão
pipa de dinheiro sua ideia, claro, naufragou como o Titanic nas águas de março
que insistiram em cair na capital carioca na época da visita do papa. Foram
mais de 10 milhões que o jovem comandante do estado moeu na farra santa e tudo
virou um mar de lama grudenta e com uma tintura digna de qualquer aquarela.
Sobrou para a praia de Copacabana receber o
serpenteado dos milhões de peregrinos que se acotovelaram para enxergar a missa
divina.
Foi tudo lindo, tudo divino.
Uma ova que foi.
A prefeitura do Rio de Janeiro se esqueceu
de que milhões de pessoas reunidas boa parte delas em algum momento do dia iria
precisar ir ao banheiro não?
Pois é. Não havia banheiros em situação de
atendimento pleno.
Os que funcionavam precariamente o cidadão
tinha que enfrentar uma fila de mais de duas horas, isso se a bexiga do pessoal
e os intestinos fossem obedientes.
Não foram poucos os porteiros de prédios
nas imediações que com dó liberaram alguns banheiros para uso dos peregrinos.
Comida de menos, bebidas de menos também e, evidente, transporte minúsculo para
tão grande massa de pessoas.
A sorte favorece aos mais bem preparados ou
aos mais incompetentes, não sei. Neste caso a sorte foi grandiosa em levar paz
e tranquilidade às pessoas que queriam retornar às suas casas não havendo
tumultos nem corre corre. Sorte imensa talvez pedida em orações pelo Papa
Francisco.
De outra feita teria sido calamitoso
milhões de pessoas querendo chegar ao mesmo tempo nos seus destinos. Talvez
tivesse havido até mortes pelo caminho.
Vou repetir....muita sorte, sorte grande.
A zona sul do Rio de Janeiro é um elemento
estrangulador da cidade maravilhosa. É o final de um funil de acesso de difícil
escoamento. Milhões de pessoas entram, mas não conseguem sair com facilidade.
Graças a Deus o Papa foi embora. A
juventude dessa jornada poderá voltar aos seus afazeres cotidianos que nada tem
a ver com o idealismo pregado nessa junção de pessoas e pregação.
Os jovens poderão voltar ao seu eterno
desconhecimento das coisas e causas que lhe é peculiar.
No dia a dia o que vale mesmo é a distração
das baladas, do celular, das redes sociais pouco ou nada mudará no mapa o fato
do Rio ter recebido esse evento. Foi bom para a fatia econômica do turismo
creio eu e apenas isso.
A consciência da jornada requeria
unicidade, amplo conhecimento do meio em que vivemos, dos problemas sociais,
educacionais, de um artefato de politização individual. Foi bom para integrar
as pessoas, mas péssimo para apresentar nortes que podemos seguir.
A igreja está preocupada com alguns números
que veio buscar reverter por aqui: diminuir a sangria de fiéis e de grana para
outras facções religiosas, notadamente as evangélicas. Veio buscar uma espécie
de absolvição coletiva por tantos crimes financeiros dentro da Igreja católica
e tantos casos de pedofilia prometendo não mais dar de ombros e acobertar seus
integrantes frente aos crimes verificados ultimamente.
Prova é que o Vaticano foi buscar um papa
reformeiro para tocar o papado e a Igreja, um prefrentex como se dizia nos anos
70 do século passado. Um Papa capaz de falar sem rodeios e sem se esconder
atrás de firulas vaticanianas e sermões inócuos.
O Brasil está com cara de idiota após o voo
do Papa de volta à Itália, mais que procurar mudar alguma coisa com a juventude
precisamos voltar ao velho apito e passeatas nas ruas, pois os políticos
correram entrar em férias e do mundo que prometeram nada aconteceu, exceto
reservarem suas vagas em resorts para acomodar seu cansaço de tanto trabalhar
pela coletividade.
A saúde marca somália se junta a uma educação
etíope, um governo taitiano e um povo bangladeshiano nos resume de fato em
poucas palavras.
A fé demonstrada aos montes na jornada
mundial da juventude não nos serve para resolver os eternos problemas que a
todos nos vitima.
Quem sabe uma cruzada contra a vergonha de
ficarmos calados, uma jornada local de moralidade, uma epopeia épica para a
ética.
Só um dado para comparar.
Em 2012 o Brasil estava na sexta posição
dentre os países mais ricos do mundo à frente do Canadá, décimo segundo, por
exemplo.
O PIB brasileiro alcança 2,6 trilhões de
dólares o Canadá pouco mais de 1,4 trilhão.
A comparação termina ai.
Se compararmos saúde, educação, segurança
ficando só nesses três itens desabamos para ficarmos no patamar de países
subsaarianos.
Isso revela que não é falta de dinheiro,
mas falta de governo e de um povo que tenha um pouco mais de vergonha na cara
de receber com festa e circunstância o Papa, enquanto gente morria no chão dos
hospitais brasileiros chutados de uma ambulância para outra.
Que país é esse?
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