XÔ PASSA 2013
O número 13 dá azar, segundo decretam algumas pessoas.
Eu prefiro dizer que o número é apenas mais um algarismo numa
lista sem fim.
Ele pode ser um alívio e um martírio dependendo do ponto de
vista.
Numa situação onde o condenado apanha de chicote melhor tomar 13
chicotadas do que 14. O inverso disso seria o perfeito azar.
A Apollo 13 foi um dos maiores fracassos do programa americano
que levou o mesmo nome e que tinha como destino a Lua.
Culpado?
O número 13. Bobagem. Se ela tivesse sido a Apollo 14 teria o
mesmo problema com alguns fios de R$ 1,99 que resolveram entrar em curto
provocando uma explosão num dos tanques de combustível do módulo de serviço.
De qualquer forma sinto dizer aos queridos leitores que 2013 já
vai tarde.
De primeiro de janeiro de 2013 até amanhã, último dia do ano,
paguei mais impostos, tive menos qualidade de vida, minha rua ficou menos
segura e meus remédios dispararam de preços.
Tive que virar eremita em casa porque sair em qualquer lugar
virou um assalto a mão armada para atividades como almoçar, ir ao cinema, comer
uma pipoca ou simplesmente chupar um sorvete na esquina.
Viajei de menos porque os hotéis na fúria dessa droga de copa do
mundo estão cobrando US 1.000 por um quarto meia boca, um banheiro com cortina
de “prástico”, banheira de vinil e papel higiênico Tatu que pode ser usado com
lixa d'água.
Não terei saudades jamais de 2013.
Ficou marcado como o ano da maior tragédia que se tem notícia
com civis sem ser em tempos de guerra. O incêndio durante uma festa na boate Kiss,
em Santa Maria (RS), deixou centenas de feridos (246 vítimas fatais). O fogo
começou durante a madrugada, depois que a banda Gurizada Fandangueira usou
artefatos pirotécnicos no palco. Dois integrantes da banda e dois sócios da
boate foram presos.
Sabe o que aconteceu? Nada. Ninguém pagou nada, ou foi punido,
especialmente as autoridades que liberaram e deram as costas para a
fiscalização devida, essas coisas que se não feitas cheira a morte certa.
Para aquela cidade certamente o ano de 2013 foi o pior possível.
Nossa santa gasolina de todos os dias, de péssima qualidade por
sinal mais se parecendo uma poção da Madame Mim, aumentou de preços
vertiginosamente, acompanharam o óleo diesel e o álcool.
Os pedágios subiram a mesma escada de preços e são os mais altos
do mundo metro a metro.
O mensalão foi uma novela a parte. O entra e sai de bandidos,
choramingos ininterruptos, petições, alguns entrando na cadeia como se fossem
astros de Hollywood como Jose Genoíno, verdadeiro ícone do ladrão de casaca que
quando vê a coisa miar chora feito criança inventando dores aqui e acolá.
Caviar, néctar de flores, própolis, e outros quitutes foram os
pedidos mais comuns da canalhada em geral, TV em 3D e visitas íntimas.
Perdemos um Papa vivo que cedeu sua vaga a outro, bastante modesto
e simpático. Ganha a Igreja que vinha perdendo fiéis para outras agremiações de
fundo de quintal.
Um movimento contra o aumento do preço do transporte em algumas
capitais desencadeou a maior onda de protestos da história do país. Durante um
mês, manifestações diárias levaram milhares de pessoas às ruas contra a
corrupção e por melhorias no transporte, na saúde e na educação. Várias
manifestações acabaram em conflito com a polícia. Faltou protestar contra políticos
ladrões, saúde deficiente física e outras coisitas mais.
Programa mais médicos. Humpf!
O objetivo é levar médicos brasileiros e estrangeiros até áreas
carentes das periferias das grandes cidades e no interior do país. A chegada de
médicos estrangeiros, principalmente cubanos, provocou protestos. Em agosto, cubanos
foram xingados por médicos contrários ao programa.
Noves fora nada, terrível sob todos os aspectos. Nada adianta
colocar médicos onde não tem infraestrutura, nem esparadrapo para as feridas.
Saúde no Brasil é cada vez mais uma cópia fiel dos mais horrendos campos de
concentração dos tempos nazistas.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) investiga
cartel para licitações do Metrô de SP e do DF e da Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos (CPTM). Funcionário da empresa alemã Siemens entregou documentos
dizendo que o governo do PSDB em São Paulo sabia e deu aval ao esquema. O
governo nega. Chama a pizzaria do Zé para soltar uma rodada com bastante
orégano. Não vai dar em nada exceto algum faxineiro laranja que levará a culpa.
EUA, Rússia, Reino Unido, França e China concordaram com a base
de uma resolução sobre as armas químicas da Síria no Conselho de Segurança da
ONU. O acordo exige a erradicação das armas, mas não ameaça o presidente Bashar
al-Assad com uma ação militar automática se seu governo não cumprir a
determinação. Os governos do mundo livre são medrosos em não invadir a Síria
matar Assad e colocar democracia para rodar a baiana por lá. Covardia.
Maior entre as empresas do império de Eike Batista, a petroleira
OGX entrou com pedido de recuperação judicial – o maior da história na América
Latina. A ‘quebra’ da OGX, com dívidas de R$ 11,2 bilhões, foi o ápice da crise
de Eike, que em julho de 2013 deixou de ser bilionário.
Um conselho aos professores de economia que apregoaram como um
semideus do olimpo econômico, que o colocaram como um exemplo a ser seguido.
Cuidado ao exibirem no futuro malucos beleza como esse, um sinônimo de
administração moderna e eficaz.
Não fossem as amizades desse empresário cara de pau nem boteco
de esquina seria capaz de ter e administrar sem quebrar.
Depois de 15 anos de negociações, o governo brasileiro anunciou
a compra de 36 caças supersônicos do modelo sueco Gripen, que farão parte da
frota da Força Aérea Brasileira (FAB). O preço total da aquisição será de US$
4,5 bilhões, a serem pagos até 2023.
Venceu a lógica do melhor jato pelo melhor preço e com
transferência de tecnologia.
Perdeu Lula que forjou o primeiro relatório oficial para dar
ganho de causa do caça francês.
Se 2014 for 10% melhor que 2013, que ora enterramos com honras
militares e banda música, erguerei minhas mãos em direção aos céus e
agradecerei subindo as escadarias da catedral de Piracicaba de joelhos e de
costas.
Será?