O ASNO QUE RI
O Programme for International Student
Assessment (Pisa) -
Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - é uma iniciativa
internacional de avaliação comparada, aplicada a estudantes na faixa dos 15
anos, idade em que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na
maioria dos países.
O
programa é desenvolvido e coordenado pela Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em cada país participante há uma coordenação
nacional. No Brasil, o Pisa é coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
O
objetivo do Pisa é produzir indicadores que contribuam para a discussão da
qualidade da educação nos países participantes, de modo a subsidiar políticas
de melhoria do ensino básico. A avaliação procura verificar até que ponto as
escolas de cada país participante estão preparando seus jovens para exercer o
papel de cidadãos na sociedade contemporânea. (Fonte: Inep.gov.br).
Em
dezembro último (2013) dos 65 países que integram a medição que foca as
ciências como um todo, matemática e leitura ficamos (alunos brasileiros) de
novo com as lanterninhas na mão, fato que se repete desde 2000, ano da primeira
edição do PISA. Para não ser incorreto o Brasil ficou em 55º lugar em leitura,
58º em matemática e 59º em ciências.
O
burrito que ri a valer e que abre a reportagem desta data é o sinônimo da nossa
educação tupiniquim que faz o país crescer ao contrário: números da violência
em geral que não param de crescer, distribuição de renda cada vez pior e mais
concentrada, universidades fora de qualquer ranking digno de nota em termos
comparativos globais, perda de competitividade, exportação de mão de obra,
alunos idiotas que não sabem ler, escrever ou interpretar um texto simples que seja.
O
ministro da Deseducação Aloizio Mercadante fez o que lhe ensinaram fazer quando
os resultados foram divulgados: tirou um sarro, exibiu números da terra da
fantasia e deu de ombros.
Alguns
anos atrás a Alemanha experimentou decréscimo no ranking e fez acender as luzes
de emergência e as sirenes de alarmes. Imediatamente em toda a Alemanha foram
realizadas centenas de reuniões entre as autoridades responsáveis para ver onde
estava o erro e onde o sistema alemão de ensino havia falhado.
De
fato, as correções de rumo permitiram àquele país recuperar lugares bem mais
acima da tabela, enquanto no Brasil o assunto é tratado como sendo de último
plano depois de bolas de futebol, samba e o fanatismo do BBB que se encontra
tragicamente em sua 14ª edição. Sobe o BBB lembrando que escrevei um texto a
seguir bastante pontiagudo.
Mercadante,
claro, em vez de assumir uma posição de homem estadista assumir os erros e
planejar um futuro melhor preferiu discorrer sobre números idiotas, uma
proclamada “grande vitória” da educação brasileira fazendo-me acreditar que ele
estava olhando, quem sabe, a educação de Marte ou Vênus.
O
ministro pintou de dourado algo que tem mais cor de coco de rato, na verdade.
A
educação brasileira em todos os níveis é pitorescamente quadrúpede,
administrada por pessoas que tem na escala de valores em primeiro lugar luzes
dos holofotes para dizer qualquer asneira como as proferidas pelo Senhor
Ministro Mercadante.
Em
segundo lugar não existe um pensador nacional capaz de entabular ações capazes
de alçar o setor educacional brasileiro a uma condição de sobrevivência
capital.
Os
alunos se transformam em asnos durante o transcorrer dos períodos em que
estudam. Entram na escola analfabetos e saem analfabetos funcionais. É isso.
Distribuir
renda não é e nunca será sair às ruas perguntar quem tem fome e dar um pão na
boca.
Vale
aquele ditado. Em mar que tem peixe é melhor ensinar a pescar.
Está
na hora do Brasil aprender que só construiremos uma sociedade mais justa,
moderna, competitiva, saudável com escolas de nível sul coreano.
Estamos
num imenso Titanic com suas chaleiras cheias de calor e carvão farto e
abundante, casco forte e duplo, todas as modernidades e facilidades.
Falta
coragem ao navegador assumir um rumo melhor que o do nosso amigo burrito, se
bem que o país precisaria saber que rumo desejaria seguir em primeiro lugar.
Por enquanto o rumo que escolheu leva a ruína educacional e cria uma geração de
alunos estúpidos iludidos achando que por conseguirem acessar a internet e
copiar textos para seus trabalhos estão viajando em cima da carne seca.
O
iceberg que estamos a bater com nossa nau desgovernada é a competitividade que
bate a nossa porta e ninguém sabe atender e entender o chamado.
Enquanto
tivermos no mesmo lado da rua estádios de futebol novinhos em folha, bolas
maravilhosas, lombos de mulata globeleza e do outro lado da mesma rua escolas
em pedaços, alunos com fome, professores despreparados e um sistema de ensino
que entope listas de consumo sem qualquer conteúdo chegaremos num lugar destino
dos navios pilotados por novatos e gente descompromissada com seus passageiros:
o fundo do mar.
Já
estamos próximos. Que mais faltará?
Acorda
Ministro! Acorda Brasil.
Evidente
que tem os que acreditam em duendes e que defendem com unhas e dentes o atual
cenário e se encantam com as boçalidades que o governo faz e cogita ainda
fazer. Entretanto, a matemática é cruel e nunca diz mentiras.
O
PISA esta aí exibindo os números.
Tolice
querer pintar o céu de outra cor e não ser a negra.
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