Certas moralidades no Brasil me assustam e me dá muito nojo, ta UNIBAN DE SAIAS CURTAS
Certas moralidades no Brasil me assustam e me dá muito nojo, tal como se estivesse vendo uma barata doméstica circulando na cozinha perto da minha comida. São cenas do cotidiano que refletem bem a como anda nossa sociedade no quesito comportamental.
Moralidades tiradas na última hora do meio da cartola são nocivas, perigosas e abrem precedentes para a maldade coletiva pura.
De certo, há de se considerar que somos provocados à uma reação individual que nos remete ao somatório público quase que invariavelmente tomando o rumo do insano e da histeria de um grupo.
Basta alguém surrar o vizinho da mesa no bar da esquina que o quebra pau irradia-se quase instantaneamente no recinto. Existe, sim, uma quota de insanidade coletiva pronta para entrar em ação.
Todo mundo acompanhou a história de uma estudante paulistana que se envolveu num desses dramas de reação em cadeia. Uma jovem de vinte e poucos anos foi expulsa a socos e pontapés da universidade que estudava por usar uma saia curta e, dizem, provocante.
A reação furiosa dos colegas de estudo beiraram a loucura demente cooptando à violência gratuita e aflorando uma moralidade altamente discutível, com cenas somente ilustradas em filmes de caça às bruxas da inquisição.
Não cabe aqui discutir padrões toscos de vestimenta adequada a uma determinada situação.
A observação mais atenta não se passa desapercebida. Conclui-se rapidamente que algo vai de muito errado na sempre emergente sexualidade brasileira e seu famoso jeitinho de lembrar sempre que estamos dispostos a contemplar ações voyeristas quaisquer que sejam.
A nobre estudante entre em ação com seu vestidinho curto mostrando seus atributos de menina bonita e que acabou causando uma histeria incontida da galera. Notável moralidade mentirosa e fora de ordem, hipócrita até o osso.
Foram pedradas e ataques deliberados à jovem. Manifestações falsas de usos e costumes há muito abandonados no âmbito das universidades. Só conseguiu sair resgatada por policiais que a protegeram dos ferozes baderneiros.
Como conseqüência boa parte do campus daquela universidade foi depredada por vândalos quebrando tudo o que encontraram pelo caminho e tendo como mote a saia da menina que era ou não muito curta. Uma questão paralela.
Tenho convivido muito tempo com o ambiente universitário e observado o comportamento dos meninos e meninas saídos há muito pouco tempo da puberdade. É espantoso como a coisa evoluiu para a liberdade quase total com cheiro de libertinagem.
A saia de Geise, a estudante envolvida neste caso, estava de fato curta, mas não havia nada de mais nisso. Muito pelo contrário. Observa-se atualmente que o espaço universitário, em muitos casos, virou mesmo palco de desfiles de modas masculina e feminina com tendências usadas depois no lugar comum. Nenhum óbice.
O problema começa quando o desfile é mais adequado a um cabaré.
Minha última incursão nesse ambiente foi recente no meu curso de pós-graduação numa universidade particular.
Quantas não foram as vezes em que circulavam pelos corredores meninas praticamente nuas exibindo vestidos curtíssimos, seios quase de fora, mini blusas que mal cobriam alguma coisa, calças com cós baixo demais revelando muito mais que uma micro saia.
Os garotos de cabelos espetados, calças mostrando surradas cuecas, roupas cheias de metal pesado, calcados furados e rasgados, uma moda trapo eu diria.
Por fora corriam as bebidas de uso geral e de forma exagerada, drogas, festinhas de arromba, fugas da sala de aula para aquele amasso rapidinho com quem ele ou ela “ficou”.
Nem com toda a exibição de carnes fartas em quantidade de se empanturrar, nada justifica, em sã consciência, a fuga da realidade dos demais alunos caçando com a bandeira da moralidade meninas que ousaram demais.
O desfecho não poderia ser, dentro deste contexto, uma atitude normal tomada pela Universidade Uniban que resolver expulsar a menina que se transformou rapidamente num godzila furando a moralidade secular e usual dos demais estudantes.
Piada de humor negro.
A Uniban olhou a coisa toda através da lente de aumento tosca e mal focada da forma jurídica e tão somente. O advogado da instituição é no mínimo burro instando uma resolução com essa aumentando, e muito, o preço de uma provável reparação à jovem e sua família.
E a Uniban inadvertidamente incentivou bandalheiras futuras e escondeu sob suas saias os arruaceiros que quase destruíram o campus colocando a culpa na parte mais frágil da história.
Como sempre. Culpa-se quem tem menos poder para se defender facilitando a vida de todos os que deveriam ser fichados na polícia.
Que família irá colocar seus filhos numa entidade universitária cuja direção é formada por fundamentalistas talibãs?
Pior que a saia curta, os arruaceiros que, no mínimo, devem ser os queridinhos da direção da Uniban, senão qual seria a melhor explicação para isso tudo? Surto de moralidade num país da apologia constante a nudez?
Tanto é verdade isso que certamente a aluna será uma das próximas capas de revistas de nu feminino e numa entrevista recente afirmou estar interessada numa carreira de atriz de televisão. Na minha opinião está contratada.
Para a psicóloga Rachel Moreno, do Observatório da Mulher, por exemplo, a reação dos estudantes e da universidade refletem posições contraditórias e "hipócritas" da sociedade em relação à mulher. "Por um lado, a nossa cultura diz que a mulher tem que valorizar o corpo, afinal de contas, tem que ser bonita, gostosa, e tem que se mostrar. Por outro lado, a mulher é punida quando assume tudo isso com tranqüilidade."
Sorte de Geise. Já está acumulando caches de valores interessantes coisa que a sua futura carreira provavelmente não lhe proporcionaria em dez anos de luta e ganhando salário.
Nossa sociedade é por demais hipócrita. Joga sujeira na Geni e depois adquire produtos de sua nudez consumindo sua porção voyerista de forma incontestável.
A Uniban está de parabéns pela sua infantil decisão prejudicando o efeito marketing de sua própria instituição. Suicídio.
A tempo...hoje saiu a noticia que a Uniban resolveu voltar atrás. Entretanto, o dano está feito. Não há mais como dissociar a posição reacionária e monarquista cheirando a um grupo talibã da tal Universidade.