JORNAL PENA LIVRE

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sexta-feira, 15 de abril de 2011
















COPA E OLIM......PIADA RSRSRSR

Confesso estar cansado de usar tantos palhaços em meus textos. Devo ter pelo menos uns cinco artigos escritos usando a figura do engraçado personagem.
De mais a mais, peço licença dos nobres encantadores da alegria do circo para comentar sobre o relatório do IPEA (Instituto Pesquisas Econômica Aplicada) da a situação dos aeroportos frente às necessidades do Brasil estar recebendo dois mega eventos esportivos nos próximos anos. Não há como não pensar no nariz de borracha vermelho.
Assustador, revelador, contundente e amedrontador o que está nas linhas do trabalho do IPEA que conclui definitivamente que NENHUM aeroporto nacional estará apto a receber nossos convidados para Olimpíada e Copa do Mundo. Fiasco planetário.

Excetuando-se o aeroporto de Curitiba que, se seguido o cronograma de obras, não houver desvios de recursos, se cumpridas todas as etapas do memorial descritivo é plausível que ele esteja com as obras finalizadas em 2014.
O plano miraculoso apresentado na defesa da candidatura brasileira para receber os dois acontecimentos esportivos, plano este recheado de mentiras, números fictícios, prazos inexeqüíveis e orçamento estrondoso convenceu as direções da FIFA E COI a votar no Brasil como recebedor das Olimpíadas e Copa do Mundo, os dois acontecendo num espaço inferior a dois anos.

Tenho em meu blog memória dos meus artigos mais antigos. Quem tiver a paciência de xeretar por lá vai descobrir que eu já apontava, na época da escolha do Brasil como vencedor e sede dos dois circuitos esportivos mundiais, que não haveria a menor possibilidade do Brasil executar tudo aquilo que estava lindo e imaculado em algumas folhas de papel e apresentações PPT hollywoodianas com qualidade de Steven Spielberg.
Na ocasião da decisão houve comoção nacional. Lula e sua trupe circense choraram abundantemente ao saber que o Brasil poderia estampar a medalha de vencedor.
Na foto do PT ficou uma maravilha, um verdadeiro acontecimento.

As conclusões da Nota Técnica do IPEA que pode ser acessada na íntegra no seguinte endereço (http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/110414_nt005_diset.pdf) são alarmantes:

As obras no aeroporto de Manaus, por exemplo, cujo prazo de conclusão é dezembro de 2013, ainda estavam na etapa de projetos em 2010. Se tudo ocorrer dentro dos prazos médios observados no Brasil, as obras só ficarão prontas daqui a sete anos, em 2017, depois da Copa.
O trem bala é outra obra de ficção lulo-petista prometida na hora da candidatura e que hoje é apenas uma firula de papel. Ninguém vai querer peitar uma obra que não tem preço definido, não existem obras de infraestrutura de apoio estudadas ou analisadas pelos governos dos Estados de SP e RJ e nem do Federal, não há preço final de quanto seria uma passagem para o roteiro Campinas/São Paulo/Rio de Janeiro e, finalmente, nem estudo sobre demanda efetiva.
Mesmo que as obras se iniciassem agora mesmo ainda haveríamos de driblar problemas ambientais não abordados no texto da proposta de negociação da ferrovia, a consagrada corrupção que faz os preços inflarem no meio do caminho, os melindres judiciais, a falta de compostura e caráter para definir um cronograma falacioso e fantasioso.
A taxa média de ocupação nos aeroportos considerados críticos ou desesperadores é de mais de 187% da capacidade máxima e estão nessa lista:
Guarulhos-SP, Congonhas-SP, Brasília-DF, Confins-MG, Porto Alegre-RS, Fortaleza-CE, Viracopos-SP, Vitória-ES, Manaus-AM, Florianópolis-SC, Goiânia-GO, Vitória-ES, Cuiabá-MT, Natal-RN, Goiânia-GO, Cuiabá-MT e Maceió-AL.

Um dos monstrinhos não amestrados que corrobora e muito para a situação absolutamente caótica chama-se INFRAERO.
Uma estatal fera não domada que faz o que quer na área que lhe diz respeito.
Nenhum presidente ou ministro reuniu coragem suficiente para colocar a INFRAERO sob ferros e fazê-la cumprir seu papel gastando pelo menos o mínimo em seus planos para expansão e modernização dos aeroportos nacionais.
Dilma Roussef, ao contrário da recomendação de fazer exatamente isso e quebrar a autonomia deste órgão, criou outro cabidão de empregos, um substituto grosseiro para o antigo DAC com status de ministério que ainda nem foi formado devidamente e existe somente no papel.
A INFRAERO tem bilhões de reais no cofre para torrar e fazer a coisa mudar de figura. Basta querer.

Enquanto ela não coloca a mão no bolso e faz sua obrigação, cobra dos pobres passageiros tarifas aeroportuárias de uma Suíça da vida transformando este ato num verdadeiro estupro financeiro aos bolsos dos coitados que querem viajar por uma rede mixuruca de aeroportos lotados, sujos, com pistas perigosas, controladores de vôos de menos trabalhando em turnos desumanos colocando todos os pescoços voadores em perigo.
Uma monstruosa demonstração de um poder paralelo que ninguém ousou botar as mãos e controlar. Porque a INFRAERO faz o que quer?
Simplesmente porque com o dinheiro que ela tem o poder estaciona em frente cobrando as velhas negociatas, fazendo as manjadas falcatruas e impedindo o Brasil de crescer.

O pior dos cenários é a falta de planejamento. Vamos utilizar matemática bem simples para entender. De 2003 a 2010, o PIB brasileiro emplacou aumento de 36,8% e o percentual de passageiros fantásticos 116,7%, isto representa uma elasticidade renda de demanda por aviões a uma taxa de 3,17%. Traduzindo a conta, isto representa dizer que a cada ponto percentual que o PIB atingir a aviação (leia-se número de passageiros) crescerá 3,17% (dados do relatório IPEA).
Vamos desprezar 1,17% desse número e vamos ficar com apenas 2%. Assumindo que o PIB brasileiro ficará na faixa dos 5% ao ano entre 2011 e 2014, adotando-se uma elasticidade igual a 2% o movimento de passageiros vai inflar 10% ao ano, mais ou menos o mesmo número atingido no período de 2001/2010. Isto representará uma demanda total de 46,4% a mais na vontade de voar.

Pegando ainda carona nos números e aplicando essa conta ao total de passageiros hoje transportados, teremos em 2014 uma cifra estimada de 225,9 milhões de passageiros entupindo os aeroportos. As obras pirotécnicas prometidas pela nossa candidatura se TODAS elas fossem entregues sem corrupção, sem processos, sem falcatruas e sem o IBAMA aporrinhar a paciência para defender teias de aranhas e sapos teríamos em tese a capacidade de receber apenas 151,8 milhões de passageiros representando uma diferença de 74,1 milhões de pessoas a mais no sistema sem ter para onde ir. Dá para imaginar que o caos aéreo será ainda pior especialmente quando estivermos recebendo um mar de gente para Olimpíada e Copa do Mundo.

O tempo médio para uma obra deste porte ficar pronta consome não menos que 92 meses entre a fase de elaboração do projeto, liberação da licença ambiental, licitação e obras propriamente ditas (dados do relatório IPEA). Isto que dizer 7,6 anos na calculadora.
Os eventos acontecerão em 2014 e 2016 não precisa esfregar a bola de cristal para saber que o Brasil já pisou na jaca.

O relatório IPEA é modesto em suas conclusões como sendo apenas uma questão de gestão e nível de investimentos, bem como o uso da iniciativa privada. Bem longe disso.
A solução para isso passa por um choque térmico de derreter aço.
Primeiro lugar é o governo parar de colocar açougueiro para cuidar de uma fábrica de componentes eletrônicos, interromper o processo de criação de dificuldades para vender facilidades como a tal secretaria que veio para ficar no lugar da pitoresca ANAC, planejar prevendo anos à frente. Se aqui eu consegui colocar um futuro sombrio sendo um leigo que estrago faria positivamente um entendido no ramo.

Segundo lugar: deixar a iniciativa privada entrar no circuito como já temos notado nos outros modais, principalmente os portos em zonas oceânicas. Porque na aviação não?
Ceifar as cabeças da estatal INFRAERO e colocar na direção um técnico altamente qualificado e não um babão qualquer para satisfazer a sede de cargos dos partidos.
Terceiro, parar de levar na flauta esse assunto e encarar como um desafio ultra-importante que impede o Brasil crescer. O exemplo disso é que, apesar dos mega acidentes aéreos dos últimos tempos, caos nos aeroportos, gente morrendo em filas para entrar num banheiro de aeroporto sujo e com falta de papel higiênico e famílias dormindo na laje o governo não se mexeu e não gastou um centavo a mais para estancar a hemorragia da matança de nossos aeroportos.
Dilma Roussef que tal trocar essa bobagem de quer um lugar ao sol na cadeira no conselho de segurança da ONU e colocar essa moçada para trabalhar heim?
Quer minha ajuda? Faço de graça.


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Magno Almeida Lopes, escritor e jornalista free-lancer, administrador de empresas com habilitação em negócios internacionais, tecnólogo de obras e solos, engenheiro de rede Lan, membro efetivo da academia Piracicabana de letras, MBA em comércio exterior. Piracicaba (SP), 15 de abril de 2011. email: lopesmagno@gmail.com

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