JORNAL PENA LIVRE

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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

OS CANALHAS – ESPÉCIE INDESTRUTÍVEL
Quando penso que já vi todos os canalhas e babacas deste mundo descobri com insatisfação plena e com garantia de fábrica que a subespécie é absolutamente infinita e se reproduz como baratas no bueiro da esquina. O mundo estaria salvo se os homens de bem tivessem e mesma ousadia dos canalhas, dizia Nelson Rodrigues com bastante propriedade.
Acho que estabelecemos um desafio à ciência da biologia. Classificar um animal como invertebrado ou vertebrado, localizar corretamente sua ordem, família, o gênero, o reino talvez seja mais uma aplicação de algumas regras estudadas nos cursos de segundo grau. Aristóteles havia idealizado um sistema de classificação de seres vivos, o mais antigo que se tem notícia, passando por Conrad Von Gesner e Carolus Linnaeus este último representando o grupo dos metodistas. (diz-se do método e não da religião, claro).
Colocar uma pulga sendo observada através de uma lupa pode-se classificá-la como do reino animália, filo arthropoda, classe insecta e na ordem siphonaptera.
Classificar canalhas autênticos é o grande desafio da biologia, principalmente aqueles que tiveram a ousadia de colocar a mão em seus próprios bolsos para ajudar o pessoal do mensalão e companhia com intuito de pagar-lhes as multas a que foram condenados.
Mais maltrapilha ainda é justiça permitir que as vaquinhas fossem montadas em ambientes eletrônicos para levantar dinheiro para condenados na justiça. As multas arbitradas como punição exemplar, algo para lembrar ao infrator que o crime tem preço a ser pago à sociedade e uma recordação para que no futuro crimes da mesma natureza não sejam praticados por outras pessoas ou pelo próprio criminoso viraram, na verdade, uma amostra da cultura que assola este país.
Eu teria vergonha de escrever sobre o destino final da contabilidade dessas enormes multas pagas com o dinheiro dos tolos que se juntaram numa rodinha para saldar o débito dos canalhas condenados.
Burrice tem limites eu imaginava. Desde que o mensalão foi denunciado venho aprendendo a desconjugar qualquer verbo decente, aprendi também que moral no Brasil só existe em dicionários e ética é um bicho invertebrado que não faz parte do cardápio de muitas pessoas.
São os mesmos moluscos que estão ou estiveram nos píncaros do poder utilizando jornal apenas para colocar peixe dentro, usá-lo em alguma moita ou forrar gaiola de passarinho, que agora se divertem vendo a conta das vaquinhas para seus crimes crescer nos faces (facebook) da vida.
São seres biologicamente classificáveis como alegorias humanas, flácidos, estéreis e inaptos, os homens e mulheres que integraram as centenas de milhares de listas colocando moedinhas a tilintar no calabouço da vergonha nacional.
Uma espécie indestrutível os canalhas, cuja taxa de natalidade é igual as mais fecundas moscas do pântano.
A justiça é a grande culpada, o tribunal pecou sua máxima culpa venial quando não estabeleceu uma origem das multas nas próprias contas bancárias dos safados que entupiram cofres e mais cofres com dinheiro vivo, joias, moedas estrangeiras tudo roubado dos nossos bolsos.
Peca de novo quando não estabelece um destino digno para um dinheiro sujo arrecadado dos tolos como, por exemplo, colocar mais polícia nas ruas, usar o dinheiro para pagar um salário a mais de fome para a classe incerta dos professores, colocar mais giz nas salas de aula e dar mais merenda para alunos famintos.
Isso teria sido digno, mas é também outra palavra que só vem escrita nos bons dicionários. De resto todo o alfabeto é ocupado pelos canalhas. Nada sobrou.






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