PIRACICABA NO MAR DE LIXO
Como
cidadão autêntico Piracicabano, tendo nascido neste município fundado em 1776
quando a capitania de São Paulo decidiu fundar um povoado que servia de apoio à
navegação do Rio Tietê, cujas embarcações desciam com destino ao Rio Paraná.
Sinto-me
confortável para apontar pontos altos e baixos da cidade frente ao seu
desenvolvimento urbano que se acelerou acentuadamente nos idos dos anos 90 do
século passado.
O
crescimento desordenado da cidade trouxe inconsistências de planejamento
citadino devido aos conflitantes interesses econômicos e imobiliários digamos,
dos “donos” da cidade. Pessoas, empresas e órgãos públicos que pensam que
compraram na padaria o imenso lote do município nos seus exatos 1.376,90 km², incluindo as zonas urbana e rural.
Criamos, em vista disso, dois universos
distintos: um de bairros tradicionais e outro composto por bolsões de
condomínios de luxo espalhados pela cidade.
Por si só a distinção dos dois complexos
sobrevivendo num mesmo espaço traz complicadores políticos de peso:
naturalmente a preocupação política fica reduzida aos ninhos de altos impostos
pagos pela ocupação urbana dos chamados bolsões de luxo e recebem do poder
público uma atenção desmedida e injusta. O resto fica ao Deus dará.
Algumas outras questões acabam sendo mais
democráticas pelo atingimento global de seus efeitos colaterais. Já não é de
hoje que Piracicaba é uma cidade estufada com uma frota de veículos acima do
que lhe é permitida oferecer em termos de estacionamentos, novas vias de
trânsito, acesso e fiscalização.
As montadoras cumprem sua parte em vender cada
vez mais unidades automotrizes e o poder público, especialmente a Prefeitura
Municipal de Piracicaba, cumpre de menos sua função lógica de equacionar os
problemas surgidos na malha viária piracicabana.
A nossa cidade figura na macro região
metropolitana desde Vinhedo, Valinhos, Nova Veneza, Nova Odessa, Santa Bárbara,
Americana, Campinas, Hortolândia, sendo a pior no quesito conservação de malha
viária, expansão, modernização e planejamento.
Vamos exemplificar. Todas as nossas entradas
rodoviárias que dão acesso às cidades vizinhas estão em situação de miséria.
Em termos de situação vergonhosa classifico a
entrada de Tietê/Rio das Pedras como sendo a pior. O trevo ao lado do terminal
urbano rodoviário da Paulicéia, dando acesso a estrada para Tietê, Rio das
Pedras, Laranjal Paulista e o bairro Campestre é de causar espanto e nojo.
A Avenida Raposo Tavares, que une os bairros de
Vila Cristina, Ibirapuera, Itapuã, Monte Líbano, Jd São Paulo está em condições
terminais não sendo mais permitido trafegar em sua totalidade acima de 30 km/h
sem quebrar totalmente o veículo. Movimento intenso dos dois sentidos sem
marcas de separação de pista, com ondulações terríveis, especialmente na parte
próxima ao bairro Paulicéia, bueiros quebrados, ilhas de cimento destruídas faz
a Avenida parecer uma zona de guerra.
As saídas de Rio Claro e Limeira, igualmente
vias de trânsito intenso não recebem a devida atenção, estão mal conservadas,
não tem fiscalização policial alguma permitindo assaltos e pequenos sequestros.
No bairro do Areão a situação das ruas
secundárias e terciárias é calamitosa, buracos, ondulações terríveis, bueiros
quebrados e constante cheiro de esgoto.
A Vila Rezende igualmente sofre com as ruas
secundárias próximas a Dona Santina, Barão de Serra Negra e Dona Francisca.
De quebra Piracicaba foi condecorada com a peça
que faltava no quebra cabeça do abandono do poder público: a greve dos
catadores de lixo.
Ontem a noite fiz um tour pelas ruas de
Piracicaba e pude constatar que toda a cidade está tomada por lixo orgânico de
toda sorte trazendo doenças, o aparecimento de mosquitos, um exército de
baratas e ratos.
Algumas áreas estão sujas, emporcalhadas com
mato tomando conta de tudo como é o caso da curva do S na Av. Armando Sales
próximo a Rua Saldanha.
A pista da Armando Sales nas imediações das
Ruas: Regente, Voluntários apresenta calombos enormes e outro dia um buraco de
dimensões bíblicas apareceu próximo aos Correios na Av. Armando Sales.
De outro lado, entretanto, os motoristas contam
com a ajuda de muitos “pardais” pela extensão da mesma importante Avenida e
multas são lavradas a granel, especialmente os nevrálgicos radares das Ruas
Regente e Voluntários.
Acredito haver entre os motoristas
piracicabanos raras exceções a esses dois radares que ali foram montados para
servir de banca no cassino das multas piracicabanas.
Tenho amigos de outras cidades que deixaram de
frequentar Piracicaba, pois temem que seus carros quebrem em tantas ruas
esburacadas, mal conservadas e outras plenamente abandonadas.
Pergunto o que faz a Prefeitura com um
orçamento anual da ordem de R$ 1,465 bilhão de reais?
Gasta tudo isso com funcionários? Gasta tudo
com os nobres vereadores cuja utilidade, salvo algumas exceções de honra, não
nos serve para nada?
Porque tanta demora em dar mais alguns tostões
para os catadores de lixo para encerrar essa maldita greve?
Consta que os vereadores deram seu último
aumento salarial em menos de 20 segundos!!!! Eu vi na Tv aberta que transmite
as sessões da Câmara.
Pergunto a todos. O que é mais útil para nós
cidadãos? Engravatados perfumados do poder público ou nossos lixeiros que
deviam ganhar tanto quanto os mais altos cargos do município?
Estou envergonhado de ser piracicabano. Desde
que aqui nasci nunca me sinto tão deslocado numa cidade em processo de
abandono.
A Praça Jose Bonifácio, outrora um lugar de
convívio, onde crianças brincavam, os casais davam-se as mãos para passear e
conversar hoje é uma zona proibida tomada pelos mendigos que fazem sexo a luz
do dia nas touceiras próximas aos monumentos. Este local público virou espaço
predileto de bandidos em formação acadêmica, uma praça infestada pela revoada
sem controle dos pombos que defecam em larga escala nos bancos, nos marcos e
nas cabeças dos que ali passam a pé. Bancos que servem apenas para poleiros dessas
fedorentas e odiosas aves urbanas que transmitem mais doenças que ratos de
bueiro. Nada se faz. Ao que parece existe um complô urbano para procriação
dessas usinas de fezes voadoreas.
Noves fora nada o palanque dividido entre
horrorosos grupos de música gospel e bandas musicais de gosto duvidoso que
transformam o local às quartas-feiras e sextas-feiras num ambiente semelhante a
um hospício, muitos decibéis e melodias cavernosas.
Se a intenção é acabar com Piracicaba como
centro cultural regional, polo de desenvolvimento econômico e colocar um
carimbo de vergonha na cara dos piracicabanos a Prefeitura está no caminho
certo.
Parabéns. O que será que vem por ai? A bomba de
nêutrons?
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