JORNAL PENA LIVRE

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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

QUINTA GUERRA NUCLEAR





GUERRA NUCLEAR CARIOCA



Cidade maravilhosa cheia de bandidos mil, cidade maravilhosa coração do meu Brasil.
O Rio de Janeiro continua sendo.....Alo, alo Realengo....aquele abraço.
A cidade carioca, desde seus áureos tempos de capital brasileira sempre foi cantada em verso e prosa, musicada, seus encantos espalhados pelo mundo inteiro das ondas de Copacabana a princesinha do mar, os fios dentais das areias de Ipanema, as cores do mar, a suavidade da doce morena.
Atualmente, soma-se ao poético paraíso as balas perdidas, guerras entre traficantes, mortes de civis inocentes, polícia agindo com imprudência/imperícia, corrupção da malha de segurança daquela pobre cidade linda.
O bucólico barracão pendurado no morro imortalizado na voz de Elizeth Cardoso onde a letra dizia mais ou menos assim:
Barracão de zinco, sem telhado, sem pintura lá no morro, barracão é bangalô.
Lá não existe felicidade de arranha-céus, pois quem mora lá no morro, fica bem pertinho do céu, tem alvorada, tem passarada no amanhecer sinfonia de pardais, anunciando o anoitecer, e o morro inteiro no fim do dia, reza uma prece, Ave Maria.
A letra não poderia ser mais apropriada. Quem mora no morro vive pertinho do céu literalmente a um passo de visitar o andar de cima antes da hora acontecer.
Vive-se no Rio de Janeiro o Brasil modelo Vietnã. Tudo na base da bala, emboscada, bomba, mortes.
No último ano foram registradas 4.100 mortes aproximadamente vítimas da guerra do tráfico. Bandidos e inocentes somam a inacreditável quantia, enquanto Nova Yorque contou apenas 38 mortes (dados Jornal Nacional, 21/10/2009).
Na guerra Vietnã (1959 a 1975) morreram quase 50 mil soldados americanos uma média de 3.125/ano. A Rio de Janeiro mata mais que isso. Isso mesmo mata mais que guerra com tanques, morteiros, bazucas e o escambau.
Essa tragédia passa por várias fases sendo a primeira delas a geográfica.
Incrustada entre os morros e o mar a cidade maravilhosa pecou no dia em que deixou o primeiro barracão ser pendurado nos picos agudos das zonas norte ou sul, não importa. Sem posse de um plano diretor a cidade foi logo adquirindo uma feição modelar de discriminação de povos e raças, de poder econômico e de atendimento estatal para as mazelas da segurança pública.
Ocupação citadina desordenada, sem infraestrutura básica, espaços cada vez mais apertados, sem eira nem beira em termos de serviços públicos, estava na cara que a coisa não podia ser diferente. Imagine colocar 5 pessoas num cubículo. Tão logo percam a estribeira, entrarão em guerra franca por mais espaço chegando ao absurdo de uma eliminar a outra. Bicho é assim.
Outrora o barracão no morro era poesia, hoje é um cancro sangrento para todo mundo ver.
Eleita para receber a copa mundial e os jogos olímpicos, a cidade nem precisa competir pela medalha de ouro e o recorde mundial que já lhe pertencem sendo a campeã galáctica do crime organizado que virou dono do pedaço, a bem da verdade.
A segunda fase desta tragédia é o papel do Estado. Ausentou-se por completo do seu dever de cuidar e proteger. Hoje o cidadão comum tem mais medo dos “tiras” do que dos malacos do morro.
O bandido oferece a proteção que o Estado acovardou-se em oferecer. Minto. De verdade mesmo quis acovardar-se porque tem interesses escusos em manter a coisa assim rendendo boas ações na bolsa.
Terceira fase: corrupção ativa e passiva. Sem muitos comentários. A definição é por si só furiosamente satisfatória. Quando os interesses de poucos são mais economicamente atraentes que os interesses de muitos ou da totalidade a regra de Spock quebra-se por completo. (Spock, série Jornada nas Estrelas, que dizia que as necessidades de muitos devem se sobrepor às necessidades de poucos ou de um só).
O capítulo final desta sexta feira 13 é que o combate ao crime organizado e estatizado vincula-se à utilização de outro estratagema de operação.
Nada adianta combater a tática de guerrilha urbana da bandidagem via polícia não treinada para tanto.
Também ficaremos enxugando gelo eternamente se ninguém quebrar o elo mais forte da corrente criminosa, que é o fluxo regular de contrabando de armas de guerra e, finalmente, a criação de mecanismos inteligentes para o combate ao sistema bancário que dá apoio na lavagem de dinheiro sem saber ou sabendo, não importa.
A mais anabolizada fase desta hecatombe carioca, entretanto, aquela que causa mais estrago que as balas traçadoras noturnas e as mortes e a mais contundente é a política nefasta do Estado para tratar desse caso.
A idéia geral é o investimento pesado em novas armas, novos carros de combate, escudos, protetores; tão somente coisas materiais que alimentam os “corruptodutos” oficiais, quem compra e quem vende leva um pro santo.
Falta inteligência e coragem para conduzir esse assunto com eficácia e eficiência que não é medida pela quantidade de tiros que a polícia pode dar. Muito pelo contrário.
Falta saco roxo para alterar o código penal transformando-o agora num aliado no combate ao crime carioca e no resto do Brasil.
Precisamos copiar modelos campeões que funcionaram em outras cidades. Como Nova Yorque conseguiu? Como Los Angeles obteve êxito? Só para citar dois exemplos.
Ninguém me convence que a Big Apple americana diminuiu a incidência de crimes simplesmente mandando a polícia atirar mais ou matar em escala industrial.
A violência do Rio de Janeiro requer soluções que passam pela boa vontade e sapiência, mas não seria um processo indolor evidente.
As medidas atuais acompanhadas da roupagem política só têm aumentado o lucro das floriculturas e funerárias cariocas. O prefeito, o governador e o governo federal devem estabelecer um fórum tripartite em ressonância com os desejos de uma população cada dia mais amedrontada e presa em suas jaulas caseiras.
Está faltando atitudes de gente grande, coragem e audácia. Os bandidos agradecem o desfecho sempre inócuo do Estado paquidérmico em querer resolver tudo na base de planos circenses, saliva gasta à toa e virando as costas para uma cidade, ainda maravilhosa sim, mas que deveria mudar de nome para Saigon.

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