JORNAL PENA LIVRE

OBRIGADO PELA VISITA EM MEU BLOG. ESPERO QUE O TEXTO/ARTIGO DE HOJE TENHA SIDO DO SEU AGRADO. QUALQUER MANIFESTAÇÃO DE APOIO OU CRITICA FAÇA ATRAVÉS DO EMAIL

sexta-feira, 18 de junho de 2010
















CONGESTIONAMENTO ESPERADO E ANUNCIADO

Com a costumeira inépcia estatal para determinar os destinos básicos de um país com queda para as exportações, vimos obrigados a noticiar que o Porto de Santos parou de funcionar.
Não, não é greve dos estivadores nem dos pilotos do porto. Nem mesmo alguém que foi lá e colocou um cadeado na entrada do porto por sacanagem pura dizendo “fechado para almoço”.
Entupiu simplesmente, travou.
O cano quando entope é porque recebeu uma carga de detritos incapaz de deixar passar alguma coisa líquida, pastosa ou gasosa. O cano do porto de Santos está completamente tomado de toda sorte de dejetos.
O primeiro deles é a ineficiência do Estado (Governo Federal e do Estado de São Paulo), esse talvez seja o maior detrito que causou o transbordamento das atividades portuárias.
O segundo entulho é o descaso e a falta de estrutura de planejamento para prever o que ora se observa neste travamento absurdo, porém previsível.
Meu grande professor Samir Keed, querido prefaciante do meu livro “Fragmentos Jornalísticos” e eu mesmo em alguns artigos, vimos apontando que a coisa poderia dar no que deu. Não há a menor possibilidade de organizar uma estrutura medonhamente importante como o escoamento das nossas exportações, via Porto de Santos, com falácias politiqueiras, promessas mirabolantes, governos irresponsáveis em tudo o que faz e toca.
De fato alguma coisa vem sendo feita em termos de obras. Ampliação dos acessos e melhora das estradas de acesso ao litoral. Tudo bom, tudo perfeito. Só que tarde demais.
Perdeu-se a chance de sermos tão bons quanto futeboleiros, batucadores de tambor, reboleiros em noites de carnaval e contadores de piada de salão.
A desgraça já está feita.
O Sr. José chegou com sua carga de 38 toneladas de açúcar. Desceu a serra e deu de cara com uma fila que atravessa toda a extensão do porto pelo lado de fora. Tempo médio de espera para ele conseguir colocar seu possante a ponto de descarregar a carga: 37 horas.
A obra na perimetral em Santos (malha de acesso ao porto), quando estiver concluída, pelo menos vai resolver uma aberração da natureza verificada no local que é o cruzamento de ruas e avenidas nas imediações com a malha ferroviária.
O trecho sul do rodo anel (município de São Paulo) acabou por influenciar o aumento do fluxo dos pesados caminhões com destino ao porto que antes ficavam retidos no tráfego na grande cidade.
Os motoristas dos cargueiros rodoviários fizeram um bom negócio: trocaram os congestionamentos pelas filas intermináveis para descarregar suas cargas em Santos. Grande!
Pelo menos em São Paulo havia infra-estrutura para que o pobre coitado do motorista parasse para comer, dormir e fazer suas necessidades. Lá embaixo está por sua conta e risco. Se der uma dor de barriga vai ter que pular no mar ou ter que instalar uma privada no caminhão.
Tantas e tantas vezes apontamos aqui que o Estado, por não ter planejamento para dar atendimento às necessidades logísticas brasileiras cada vez maiores, com exportações em alta, assim como as importações, iria colocar o risco Brasil fora da escala e também o custo hoje considerado proibitivo em termos comparativos com portos semelhantes.
O prejuízo é múltiplo e imenso.
O motorista, tendo que esperar mais tempo para descarga, é obrigado a transportar com menos freqüência, gasta com isso combustível adicional, refeições que tem que fazer durante a espera e lá se vão os lucros.
O porto arrecada com suas operações cobrando tarifas que poderiam ser maiores não fosse o congestionamento. Evidente que o porto lotado traz aumento dos custos para todos os operadores, empresas transportadoras, mais gastos com segurança, gastos com capatazia, cargo handling, armazenagem.
O Estado deixa de arrecadar mais com impostos se o fluxo de cargas pudesse alcançar maiores níveis do que os de hoje.
Perdem ainda nessa cadeia os interessados nas cargas, os importadores, exportadores, dealers, empresas de armazenamento, despachantes, fiscais. Os únicos seres vivos que ganham com essa bagunça são os ratos do porto que podem ficar mais tempo roendo as cargas com alimentos e as pombas que fazem a festa com tanta zona e sujeira.
Não é à toa que lá fora falar em comércio exterior brasileiro arrepia e dá urticária com tanta sobrecarga de custos transformando o ato de exportar ou importar num verdadeiro martírio.
O Brasil modernizou-se, enquanto que as estradas que dão acesso ao litoral ficaram perdidas no tempo quando ainda se usava carroças. Ninguém se sentou à mesa para pensar ou chamar todos os interessados para planejar o futuro. O governo fez de conta que o assunto não era sua alçada e jogou a problemática para a iniciativa privada que bate na bola de volta para o primeiro e tudo fica assim entupido e irremediavelmente perdido.
Os três candidatáveis ao governo federal não tem absolutamente nada que seja parecido com um plano de governo para atender essas demandas, mas tiram da manga da camisa os discursos infames prontos e bem decorados, bem como uma terrível cara de pau e desconhecimento do assunto que eu classifico como de segurança nacional absoluta e questão de sobrevivência de um país.
Sinto-me escrevendo apenas por dever de ofício. Será que este ato pode um dia representar a mudança de opinião de alguém que dá uma “banana” para tal assunto na atualidade?
Heim seu Serra? Heim Dilma? Heim Marina?
Venham, por favor, em público dizer o que farão com esse imbróglio. Seus magníficos partidos têm alguma coisa estudada sobre o tema? Tem alguém aí com um plano viável e economicamente interessante que não seja criar fantasias eleiçoeiras, como prometer construir um porto novinho em folha em apenas uma semana ou chamar um mágico para fazer “plim” e solucionar tudo com direito a um coelho branco e bonitinho saindo da cartola?
Se tivermos uma represa imensa com zilhões de quilômetros cúbicos de água seria essa a vazão possível a ela? Não. A vazão pode ser a passagem por um conta gotas que é o fator limitante no caso.
Pensar no porto é a mesma coisa. Não adianta nada o Brasil sair nas carreiras e produzir às pencas se o fator limitante é um portinho de segunda categoria capaz de lidar com quase 2 milhões de TEUS/ano (unidade de medida de carga equivalente a 20 pés cúbicos ou o mesmo que um container tamanho pequeno que é facilmente visto em cima de caminhões a caminho do porto) enquanto que Singapura consegue processar 21.170.000 TEUS/ano. (Fonte Guia do exportador www.global21.com.br, acesso em 17/06/2010).
E Singapura leva outra vantagem. Tem as tarifas mais baratas do mundo.
Em vez dos três candidatos viajarem fazendo comprinhas em New York ou França e fazer de conta que são estadistas que tal pegarem uma corridinha adicional e dar uma olhada como Singapura conseguiu chegar nesse nível ou Roterdã na Holanda?
Copiar o que há de bom é bom.
Posso adiantar que lá o planejamento sério foi o início, boa vontade numa joint venture entre Estado e iniciativa privada, boa vontade, e uma notória sabedoria em fazer contas. Contas sim. Aqui o Estado se preocupa com questões menores enquanto deixa de arrecadar o que poderia se tivesse um cenário onde não houvesse tanto caos e bagunça.
E agora com o Porto de Santos tendo chegado nessa situação o que fazer?
Navios esperando descarga na baia com perdas incríveis por dia parado, caminhões e seus motoristas que são obrigados a dormir na boléia fazendo fretes de menos, gastos excessivos com combustível e o custo Brasil pra lá de Deus me livre.
Competir no comercio internacional com tudo isso doendo no lombo é tarefa impossível.
Eu tenho uma solução que não se encontra em Santos, mas na cidade de São Paulo.
Simples.
A criação imediata de um rodo porto alfandegado com modais integrados. Uma área imensa com integração de ferrovias, rodovias, dutovias e aerovias. De lá partiriam as cargas para o Porto de Santos já com trânsito aduaneiro (carga já liberada pela Receita Federal para embarque) somente por via férrea. Caminhões em Santos somente exceções como cargas especiais, perigosas.
Isso elimina o problema dos caminhões em Santos e toda sorte de efeitos colaterais adversos.
O local poderia ser bem próximo à descida de Santos. Geograficamente ali há espaço de sobra para um empreendimento assim.
No transito das importações mesmo esquema só que o inverso. Embarcaria em Santos com transito aduaneiro até o rodo porto e dali as cargas seriam despachadas por outros modais.
De outra forma, qualquer solução que envolva alteração das áreas adjacentes ao Porto de Santos, obras de ampliação, construção de novos armazéns e novos acessos ficará sensivelmente mais cara e lenta. Não vamos esquecer que Santos tem um problema geográfico intransponível. De um lado tem o oceano atlântico e do outro a serra do mar. Qualquer obra envolverá brigar contra os dois elementos geográficos por si só muito mais caro e moroso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário