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segunda-feira, 10 de maio de 2010

















O DESTINO DE UMA MINHOCA INDESEJÁVEL.

Foi-se o tempo em que as cidades criavam obras apenas visando a problemática da circulação de veículos automotores.
São Paulo, New York, Xangai, Cidade do México, Los Angeles são exemplos mundiais de como transformar a vida de alguns cidadãos num verdadeiro martírio diário e com perdas gigantescas para o patrimônio das pessoas.
Obras que assolapam o interesse da vida em comum e roubam as oportunidades de crescimento mais humano das grandes metrópoles.
Em São Paulo temos o mais assombroso descaso com a utilidade pública e o interesse da uma sociedade, agressão à qualidade de vida e etc que foi a construção do elevado Costa e Silva, vulgo minhocão.
Obra idealizada por Faria Lima na época de seu governo municipal.
Naquela ocasião os estudiosos dos problemas metropolitanos já apontavam que a obra era uma aberração, para todos os efeitos, e que traria enormes prejuízos ao conjunto de toda a cidade de São Paulo. Dito e feito.
O primeiro golpe foi a própria construção do monstrinho. A cidade que já perdera muitos dos seus encantos agora ganhava um obelisco à feiúra.
O segundo, e não menos devastador soco no estômago veio com o prejuízo de milhares de moradores da área que acordaram um dia com uma via de altíssimo tráfego rugindo bem debaixo dos seus narizes, fora a fumaça, o pó e o barulho que sacode ate os ossos.
Ele passa a cinco metros dos prédios de apartamentos. Um absurdo urbano. Tem 3,4 quilômetros e conecta a região central à zona oeste da cidade. Entre as bilhões de críticas que já recebeu, foi chamado de “cenário com arquitetura cruel” e “uma aberração arquitetônica”. Eu o classificaria com mais alguns adjetivos, mas totalmente impublicáveis neste espaço.
O efeito colateral imediato foi a brutal desvalorização dos imóveis. Quem gostaria de comprar ou alugar um apartamento, por exemplo, e ter como companhia diária a circulação de milhares de veículos bem perto do ouvido e sentir o perfume de óleo diesel? Quem vendeu seus apartamentos o fez a preço de banana estragada.
A área adjacente, por tabela, foi totalmente devastada e deteriorada. Veio a prostituição no local, inferninhos, a instalação da filial B da cracolandia, um sem números de moradores de rua, imóveis abandonados, circulação de bandidagem e criminalidade em alta.
Hoje toda a região é uma nódoa e uma ferida aberta que não quer sarar.
Ao longo do tempo alguns prefeitos tentarem até falar sobre o assunto. Olavo Setúbal queria derrubá-lo já em 1974, sem sucesso. Na época o grupo dos defensores de obras viárias como esse elevado só faltou pregar o ex-prefeito na cruz.
Luiza Erundina, em sua administração, criou horário restrito de circulação. Uma solução apenas paliativa.
Agora o atual prefeito da cidade, Gilberto Cassab, fala em colocá-lo abaixo transferindo o tráfego para um ramal ferroviário onde será construído um túnel.
Calma que não é por ai.
De um limão superazedo podemos fazer copos de uma deliciosa limonada geladinha. Porque não fazer isso com o minhocão?
Acho que derrubar é simples demais. Algumas bananas de TNT resolveriam o problema e seria um espetáculo e tanto na tv.
O minhocão tem que ficar no lugar onde está e pagar durante muitas décadas o tributo que cobrou da cidade para que ele pudesse existir. Como?
Simples. Aproveitá-lo para criar um espaço alternativo na cidade maculada.
New York teve um caso semelhante. Senão vejamos.
A linha férrea no West Side Manhatan, chamada de High Line (linha elevada), foi durante muitos anos a mesma coisa que o Minhocão representou para São Paulo.
A estrada de ferro serviu como base aos transportes de carga daquela cidade e com seus 2,5 kms de extensão feria a silhueta nova iorquina de forma contundente.
Logo depois a linha teve sua inviabilidade decretada frente a era dos enormes caminhões modernos com sua rapidez e volume de carga.
Fecharam-se os portões da High Line que ficou ali esquecida durante décadas. O mato tomou conta, a área adjacente sucumbiu desde o início e os bairros se transformaram em ruínas.
No entanto, New York soube acrescentar ao seu enorme limão uma boa dose da doçura da criatividade com água gelada e a cidade ganhou de presente um novo parque chamado agora de High Line Park sem a demolição da obra.
A prefeitura chamou para colaborar com o projeto de revitalização pessoas da própria cidade que criaram a base da idéia. O parque foi inaugurado recentemente sob a administração do atual prefeito de New York Michael Blumberg.
A linha de trem de high line foi erigida em 1930. Servia para o transporte de cargas de laticínios, carnes e alimentos para abastecer os vários armazéns e fábricas da região de Meatpacking District. A ultima composição partiu em 1980 e a linha foi desativada permanecendo como um fantasma até este ano.
A área de lazer da Big Apple combina jardins floridos, locais de exposição de arte e cultura, pistas de bike, footing (corrida a pé), bancos para descanso, área de alimentação, com acessos para cadeirantes, elevadores, belvederes.
Os imóveis das adjacências começaram a ser ocupados de novo e tiveram forte valorização para pelo menos empatar com os valores que foram perdidos no tempo da via férrea.
As ruas ao longo do curso dos trilhos estão sendo pouco a pouco limpas, os prédios em ruínas derrubados e no lugar novos estão sendo construídos. Revitalização total de uma área antes absolutamente devastada.
Cassab quer colocar abaixo o minhocão. A prefeitura de SP havia algum tempo atrás instituído um concurso para selecionar o melhor projeto de recuperação para o local e um deles havia ganhado e seria mais ou menos nos moldes do que foi o High Line Park.
Cadê esse projeto? Porque em SP não pode ser feito a mesma coisa?
Que tal copiar este exemplo de Nova York ou do que foi feito em Boston, ou ainda em Seul na Coréia?
Se a Prefeitura Municipal de SP não tem dinheiro a população arrecada a verba necessária e toma conta disso como aconteceu em New York, sucesso.
Temos as melhores expressões arquitetônicas do mundo, vide Brasília. Porque não podemos criar algo super inédito para o minhocão e devolver aos pobres moradores da área do minhocão a riqueza de seus bens e meio ambiente que lhe foram roubados uma vez?
Finalmente chamar os antigos donos e pagar-lhes indenizações pelos bens de família perdidos ao longo da vida do Minhocão.

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