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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

MARCAS QUALIDADE TICO TICO

Aproveitar-me-ei da boa vontade dos meus leitores para divagar sobre alguns aspectos importantes da vida, no popularesco “viajar na maionese” não faz mal a ninguém e até saudável sob vários pontos de vista.
Lembro-me como se fosse hoje de importantes episódios de minha vida. Um deles dizia respeito ao imprescindível papel higiênico.. Comprá-lo é um ofício de extrema responsabilidade.
Representa o cuidado que você tem para com um dos menores órgãos do corpo humano, nunca é demais todo e qualquer cuidado, afinal é um trabalhador incansável e, mesmo atuando sob condições adversas, nunca reclama e quando o faz sente-se toda a magnitude dessa dor imensa que pode nos causar apesar de ser tão pequeno.

Nos idos dos anos 70 e 80 do século passado ninguém ligava para isso. Comprava-se sempre as marcas de papel higiênico mais baratas. Uma delas chamava-se Tico Tico.
Ninguém se apercebia da relação do pequeno pássaro com a marca até poder usá-lo com toda firmeza do mundo. Na hora “h” a sensação era de ser um taco de madeira sendo lixado e preparado para receber o sinteco.
A única conexão com o lindo pássaro talvez fosse a qualidade de bicar de forma bastante pontiaguda, credo em cruz.

Havia outro infortúnio para a vida moderna de muitos anos atrás. O óleo de cozinha não era vendido em latas de 900 ml como hoje ou garrafas plásticas como atualmente. Esse item era comercializado apenas em mercearias onde o produto era embalado em barris de metal de 200 litros com uma espécie de bomba manual na parte de cima. A freguesa levava a garrafa de um litro para comprar o óleo que necessitava e pagava poucos tostões pela quantidade.

Claro que o óleo tinha gostos estranhos em sua fórmula. Os mais populares eram de marcas tipo Minasa que tinha gosto de asa de barata cozida no vapor. Evidente que o gosto era transportado para a comida. Graças a Deus minha santa mãezinha não comprava Minasa preferindo encher seu litro com Delícia, óleo usado para temperar saladas na época. Uma das primeiras marcas a receber os vasilhames próprios foram: Brejeiro (óleo de arroz) e Delícia, que era óleo de caroço de algodão migrando logo depois para a soja.

As margarinas eram capítulo à parte. Primor e Claybon foram as primeiras a estrear no mercado. Quando eram geladas ficavam duras como pedra requerendo dos usuários cuidados extras e sempre deixá-las fora da geladeira previamente ao uso. O gosto era duvidoso. Um misto de gorduras desconhecidas fabricadas com processos antiquados que colocavam em nossas mesas produtos acanhados na qualidade, embora fossem baratas. As margarinas ficavam ótimas, entretanto, na cozinha em geral auxiliando a preparação de bolos, bolachas e excelentes para fritar ovos deixando-os com a gema ainda mole, uma iguaria que faz falta, principalmente quando comíamos pão juntamente com a gema dos ovos.

Os sabonetes de antigamente eram fabricados, na minha opinião para, limparem couro nos curtumes e transportados para nossos banheiros com leves perfumes, todos muito ruins por sinal. Eucalol era uma das marcas presentes em vários anúncios nos bondes Piracicabanos que ainda circulavam até final dos anos 60 do século passado, bem como Gessy que era um pouco melhor, mas bem pequeno para uma série de banhos contínuos. Em Piracicaba os bondes começaram a circular na versão puxados por cavalos em 1877, diga-se de passagem.

Os supermercados eram uma novidade bem recebida pelos brasileiros, os primeiros que visitei ainda criança eram uma maravilha: gôndolas cheias de comidas coloridas, refrigerantes, as prateleiras forradas com latas de leite Moça, Creme de Arroz Colombo, Toddy em sua lata marrom, Chocolates Pan, Drops Dulcora, ceras Parquetina, creme de cabelo Glostora e cigarros ovais Fulgor, além das caixinhas de fósforos de segurança Grarany, Granada, Pinheiro.

Nunca entedi o termo “segurança” nas caixas de fósforo, em piracicabanês “caxara de fofri”, talvez porque mesmo chacoalhando vigorosamente eles não pegavam fogo.

Nas televisões as pioneiras propagandas do combustível Esso com a família gotinha, dois personagens que lembravam um casal de namorados viajando com sua famosa Lambretta sempre abastecida em postos da marca. Cheguei a ter pinos de boliche com eles. Havia também a rede Atlantic de postos de gasolina extinta nos anos 80 do século passado. Os postos, claro, todos emporcalhados de graxa, sujos e exatamente assim é que atraíam o povo para usar seus serviços.

Nugett para engraxar os sapatos, chiclete Adans, querozene Jacaré, brilhantina e bolachas Aymoré, Crush para matar a sede, Grapette quem bebe repete, Cola-Cola tamanho família em garrafas de vidro, bolo Pullman, sabonete Phebo, pó de arroz Cashemere Bulquet e artigos de beleza Coty e Helena Rubstein.

Ah, evidente o mais famoso veículo nacional o Volkswagem besouro, pé de boi e com jogo de malas de couro para celebrar a entrada da marca no Brasil e sua montadora em terras brasileiras. Fissori, Regente, Aero Wyllis com a persiana para o vidro traseiro que era um luxo só, o famoso Sinca Chambord ou Rally, imperdível Candango, Vemaguete da DKW, Gordini e o Dauphine que fervia seu motor ao mais leve esforço.

Bons tempos ainda das últimas locomotivas Baldwin fabricadas na Pensylvannia (EUA) a vapor que faziam seu barulho doce pelos trilhos da Sorocabana, Paulista e Mogiana. Vagões de veludo vermelho e sanduíches frescos de mortadela cheias de bolotas de gordura. O cheiro tomava conta de tudo na hora do recreio nas escolas.

O romantismo foi-se. As grandes corporações tomaram conta dos nossos supermercados transformando-os em shopping centers e parque de diversões, filas intermináveis nos caixas, as empresas nos enganando fazendo alterações para menos na calada da noite em quantidade e peso para cobrar a mesma coisa.

Casos dos papéis higiênicos que encurtaram 10 metros (40 para 30m), latas de refrigerante que perderam 5 ml, chocolates  em barras que emagreceram 40 gramas, um litro que virou 900 ml e um quilo que murchou para 900 gramas, tubos de pasta de dente cheios de ar e com a massa diluída em água para desperdiçar mais produto. Ah...ia esquecendo, a grande sacanagem e roubalheira da indústria de medicamentos com suas absurdas embalagens de 28 comprimidos que só nos servem para o mês de fevereiro de anos bissextos.




















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